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Aftosa

Missão européia desvia o Paraná

A missão técnica da União Européia (UE) que percorre o Brasil desde o dia 5 para verificar as condições sanitárias de produção de carne bovina cancelou ontem sua passagem pelo Paraná. O roteiro que os veterinários seguiriam foi mantido sob sigilo e suspenso na última hora, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Os especialistas estavam em Mato Grosso do Sul desde domingo e decidiram se dividir e seguir para estados como Minas Gerais e Goiás.

A suspensão foi interpretada como um sinal de que a UE não pretende voltar a importar carne bovina do Paraná imediatamente. "Não haverá retomada das nossas exportações logo após a passagem da missão técnica pelo Paraná", disse o analista do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Paraná (Sindicarne), Gustavo Fanaya. A expectativa era que os técnicos viessem ao estado e passassem a confiar no tratamento sanitário e no controle sobre o transporte. Depois de cancelada a viagem, foi revelado que eles visitariam um frigorífico de Paiçandu, na região Maringá.

O Paraná produz cerca de 20 mil toneladas de carne bovina ao mês e menos de 5% são exportados, por causa das restrições enfrentadas desde a ocorrência de aftosa na região em 2005. A Rússia e a União Européia eram os principais clientes dos criadores paranaenses de bovinos até então. Três frigoríficos esperam a retomada das vendas à Europa – Margen (Paranavaí), Mercosul (Paiçandu) e Friboi (Maringá) –, mas a estrutura deve continuar sendo subaproveitada.

Inspeção

Uma nota enviada ontem pelo Mapa a sua Superintendência de Curitiba mostra que, antes da retomada das exportações, os frigoríficos terão de passar por inspeção do Departamento de Origem Animal, órgão do próprio ministério. O texto alertava que todos os matadouros e frigoríficos dos estados de Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo perderam habilitação para remeter carne à Europa.

Segundo a assessoria de imprensa do Mapa em Brasília, a nota foi emitida a pedido da missão técnica européia. Para o ministério, não houve retrocesso nos trâmites necessários à retomada das exportações, uma vez que a região vem enfrentando bloqueios desde 2005. O processo de habilitação terá de ser recomeçado, disse o chefe do Serviço de Inspeção dos Produtos Agropecuários do Mapa no Paraná, Juarez Deconto.

Enquanto isso, a UE deverá continuar comprando carne dos estados de Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais. O Brasil fornece entre 70% e 80% da carne que os 27 países do bloco importam, segundo levantamento do Sindicarne.

Considerando o todo das exportações de carne bovina do Brasil, a UE é o destino de 19% dos embarques e rende 33% do faturamento. Foram arrecadados US$ 1,13 bilhão entre janeiro e outubro deste ano pelos estados exportadores, que enviaram 263,64 mil toneladas do produto à região, informa a Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

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