Eles ainda são poucos no mercado brasileiro, mas têm crescido e tendem a ganhar corpo com a consolidação de uma retomada econômica. Os fundos de índices (ou ETF, sigla de Exchange Traded Funds) têm a vantagem de acompanhar os principais índices do mercado de ações, sem a taxa de administração alta que bancos e corretoras costumam cobrar desse tipo de aplicação. Uma opção interessante para quem quer operar com renda variável a um custo baixo e com risco um pouco mais diluído.
Atualmente há quatro ETFs negociados no Brasil. O pioneiro é o PIBB (Papéis de Índice Brasil Bovespa), lançado erm 2004 pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A ideia era que o fundo refletisse com maior fidelidade possível o índice IBrX-50 da Bovespa, que reúne as 50 ações mais negociadas na bolsa paulista. Os outros três são da família iShares, criada pelo banco britânico Barclays. Um deles segue o Ibovespa, principal indicador da bolsa brasileira, e os outros seguem o índice das empresas de pequeno porte (Small Caps) e o das médias e grandes (MidLarge).
O que diferencia os ETFs dos fundos convencionais é a forma de negociação. Naqueles "normais" o investidor deposita seu dinheiro num fundo administrado por uma corretora, que cobra para fazer as operações necessárias ao dia a dia da aplicação. Essa taxa de administração varia de um fundo para o outro, mas dificilmente fica abaixo de 2% ao ano, podem passar de 4%. Já as cotas dos ETFs podem ser compradas e vendidas livremente na bolsa, como se fossem ações. A taxa de administração é bem mais baixa 0,54% ao ano, no caso dos iShares. "O cliente paga ainda uma taxa de corretagem, mas esse valor fica diluído e se torna menos importante na medida em que o investidor mantém a aplicação por um prazo longo", diz o consultor financeiro Raphael Cordeiro.
Cordeiro é um entusiasta dos iShares. "Para mim, foi o melhor lançamento do mercado financeiro no ano passado", comenta. A razão é justamente o custo baixo, além da possibilidade de fazer as operações de modo simples, pelo sistema de negociação on-line das corretoras. "Esse tipo de fundo tem muita liquidez no exterior", observa. Liquidez é uma medida do número de negócios realizados com um papel.
Gabriel Leal, sócio da XP Educação braço da XP Investimentos, uma das maiores corretoras independentes do país e um dos sete agentes autorizados dos iShares Brasil , defende que papéis desse tipo são uma opção de diversificação para as pessoas físicas. Em vez de manter o investimento atrelado a uma única ação, o ETF permite que o risco seja diluído em 65 papéis esse é o número de títulos que fazem parte do índice Ibovespa. A vantagem é reduzir a exposição a fatores isolados. Um exemplo: uma questão relacionada com a regulamentação das jazidas do pré-sal pode abalar os preços de ações da Petrobras, mas não terá efeito tão drástico sobre o Ibovespa.
Leal aposta em palestras para tornar os iShares mais conhecidos. Até agora, vem funcionando: segundo ele, o número de operações com iShares pela corretora XP cresceu perto de 30% de junho para julho deste ano.
Em termos de liquidez, os iShares Ibovespa são os campeões. Ultrapassaram inclusive os PIBB, que têm mais tempo de mercado. Os dois juntos dominam o mercado de índices. Os outros papéis têm uma quantidade bem menor de operações no pregão de ontem, por exemplo, não houve nenhum negócio com eles. "Os produtos são meio novos, então é natural que eles ainda tenham pouca penetração", explica Raphael Cordeiro. Ele aponta outra razão para que as instituições financeiras não se esforcem muito para vendê-los. "São produtos que concorrem diretamente com os fundos dos bancos e corretoras. Essas instituições querem continuar ganhando a sua taxa de administração, por isso preferem que os ETFs não sejam amplamente divulgados no varejo."
Serviço
A XP Educação pretende fazer palestras gratuitas sobre iShares em Maringá hoje e na quinta-feira, na Avenida Brasil Nº 4312-1208. Em Curitiba, há eventos marcados para os dias 31 de agosto, 8 e 14 de setembro. Informações pelo site www.xpe.com.br.