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Dólar forte

Commodities respondem por 80% da pauta comercial com a China

Em março de 2013, os bancos centrais de Brasil e China firmaram um acordo bilateral de swap de moeda local (reais por yuans) de R$ 60 bilhões, válido por três anos mas com possibilidade de ser renovado. O objetivo foi facilitar o comércio entre os dois países.

Na semana passada, a Rússia, que vem sofrendo com o embargo europeu e americano por causa da crise na Ucrânia, assinou com a China acordo semelhante de troca de moedas, no valor de 150 bilhões de yuan (US$ 24,5 bilhões). É o segundo maior acordo já feito pelos chineses com um país emergente, atrás apenas do firmado com o Brasil no ano passado.

Para Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior do Brasil e sócio da consultoria Barral M Jorge, é provável que a maior parte do comércio brasileiro com a China siga denominada em dólar, já que a soja e o minério de ferro respondem por 80% da pauta de comércio. "São commodities cotadas no mercado internacional em dólar, não vejo muito sentido em mudar para o yuan."

Em seu ambicioso projeto de transformar o yuan em moeda global, a China aposta em países emergentes como o Brasil para ampliar as negociações em sua divisa. Segundo a Swift, associação internacional especializada na compensação de moedas, a adoção do yuan como meio de pagamentos avançou 35% nos últimos dois anos. Entre janeiro de 2012 e fevereiro deste ano, o yuan saltou da 20.ª posição para a 7.ª no ranking das divisas mais usadas no comércio global, superando o dólar de Cingapura, o dólar de Hong Kong e o franco suíço.

A recente criação do banco de desenvolvimento do Brics (grupo que reúne Brasil, China, Rússia, Índia e África do Sul), que terá sede na capital financeira chinesa de Xangai, deve dar importante impulso à moeda chinesa, dizem analistas. O banco terá até US$ 100 bilhões de capital e especula-se que parte importante de seus ativos será denominada em yuan. Em visita ao Rio de Janeiro neste mês, a secretária permanente de finanças de Hong Kong, Au King Chi, destacou a importância do banco do Brics e a oportunidade para empresas brasileiras negociarem em yuan.

"É natural que os mercados emergentes se unam porque eles têm objetivos comuns e há benefícios mútuos na cooperação econômica entre eles. Por meio dessa relação, eles podem reduzir sua dependência em uma única moeda, que é o dólar. Como há muito comércio bilateral entre esses cinco países, eles podem fazer transações entre si sem depender do dólar. É uma direção interessante para o desenvolvimento do Brics", afirmou.

Abertura

Para atrair governos e empresas, a China vem realizando reformas em seu sistema financeiro e abrindo brechas inéditas em seu mercado de capitais àqueles que aderirem à divisa. Os chineses contam ainda com o argumento da segurança: em um momento de pressão do dólar às vésperas de aumento de juros nos EUA, transações com a China feitas diretamente em yuan estariam menos expostas à volatilidade cambial que a conversão obrigatória para o dólar hoje implica.

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