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Tecnologia e finanças

Moeda do Facebook preocupa reguladores, mas anima economistas

Várias logomarcas do Facebook
Facebook anunciou para 2020 a estreia da Libra, moeda digital da empresa e um consórcio de 27 companhias. (Foto: Justin Sullivan/AFP)

Anunciada na terça-feira (18), a libra, moeda digital do Facebook, foi recebida de forma mista. Enquanto economistas e entusiastas da tecnologia veem na moeda grande potencial para aumentar a acessibilidade global a serviços financeiros, reguladores e políticos nos EUA e na Europa demonstraram preocupação com sua regulação.

Na França, o ministro das Finanças Bruno Le Maire pediu às autoridades bancárias do G7 que emitam um relatório sobre o projeto assim que possível. Ele teme que a moeda digital do Facebook, criada em parceria com outras 27 empresas e instituições, se torne soberana. Já o eurodeputado alemão Markus Ferber disse à agência Bloomberg que as "empresas de tecnologia não podem operar em um nirvana regulatório ao lançar moedas virtuais", pedindo regras específicas.

Nos EUA, o senador Josh Hawley disse que o Facebook está "expandindo seu monopólio" ao criar uma moeda – vale lembrar que as gigantes de tecnologia estão sendo investigadas no Congresso dos EUA por questões antitruste. O caráter privado da libra também foi destacado por economistas ouvidos pela reportagem.

"Quem vai monitorar as decisões?", diz Rodrigo De Losso, doutor em economia pela Universidade de Chicago. "No modelo tradicional, existe o Banco Central, que apesar de independente do governo, está submetido a órgãos de controle", diz ele. Ao anunciar a moeda, o Facebook alegou trabalhar diretamente com autoridades em diversos países para evitar questões regulatórias.

O anúncio da criptomoeda não animou os investidores do Facebook – na terça (18), dia do lançamento, as ações da empresa caíram 0,3%. Analistas , porém, viram o anúncio com bons olhos. "A libra poderia ser para as moedas digitais o que a AOL foi para a internet", disse Joel Kulina, da Wedbush Securities, em nota a investidores – o comentário se refere ao provedor de internet que, nos anos 1990, popularizou a rede nos EUA.

Ex-economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Roberto Troster crê que os custos baixos prometidos pelo Facebook e sua grande base de usuários pode ampliar acesso a serviços. "O Facebook pode virar um grande banco global." Para Marcos Antônio de Andrade, professor de Universidade Presbiteriana Mackenzie, a possibilidade de realizar transferências mais baratas pode afetar os bancos. "São instituições que estão sempre na zona de conforto."

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