Santiago Em dia de extensa agenda em Santiago, que terminou com o embarque para Buenos Aires, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi destaque nos principais jornais do Chile e da Argentina. Em entrevista concedida aos três correspondentes argentinos e dois chilenos, no Palácio do Planalto, na quarta-feira, 25, o presidente defendeu a moeda única para o Mercosul, assim como um Banco Central do bloco.
"Eu trabalho com a idéia de que nos próximos quatro anos possamos construir uma moeda única do Mercosul. Estamos avançando na discussão com a Argentina para fazer nosso intercâmbio comercial com nossas próprias moedas. Devemos chegar a um Banco Central", como destacou o chileno El Mercurio.
O Banco do Sul, projeto do presidente venezuelano Hugo Chávez para criar uma megaentidade financeira na região, é visto com cautela por parte de Lula: "Será um banco do tipo do FMI, para ajudar os países em crise? Ou será um sócio para impulsionar o desenvolvimento, como é nosso BNDES, a Corporação Andina de Fomento, ou o BID? Qual será a participação de cada país?"
Ontem, durante discurso no palácio de La Moneda, sede do governo chileno, ao lado da presidente Michele Bachelet, Lula prometeu trabalhar duramente pela integração latino-americana nos próximos quatro anos de seu mandato. "Eu quero que vocês saibam que farei mais do que eu fiz no primeiro mandato para consolidar a integração regional, porque acredito que ainda não utilizamos nem 10% do potencial de nossas relações para o desenvolvimento de nossos países."
O presidente fez uma defesa da integração regional e assinou uma série de acordos de cooperação entre o Brasil e o Chile. Ao lado de Bachelet, Lula trocou a leitura do discurso formal pelo improviso. "A integração sul-americana para mim não é um jogo de palavras para serem levadas em discursos acadêmicos ou de época de campanha", disse.
"Eu acredito firmemente que nós na América do Sul ainda não descobrimos os benefícios da integração porque durante muitas décadas estivemos olhando com carinho e ambição para a Europa e os Estados Unidos, enquanto olhávamos para nós mesmos com um certo desprezo", ponderou. "Ainda não procuramos o potencial para consolidar a integração e não discutimos com seriedade o desenvolvimento para resolver os sérios problemas que nós temos", alertou.
Diante de uma platéia composta por ministros, assessores e jornalistas de ambos os países, Lula afirmou que a região "tem todas as condições para resolver o problema da falta de gás, dos combustíveis, da bioenergia e do setor energético como um todo, utilizando o potencial e a complementaridade de nós mesmos".
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