Quando o preço de qualquer coisa descola da realidade, podemos estar diante de uma bolha econômica. Mas será esse o caso das moedas dos Jogos Olímpicos, que têm exemplares cotados a R$ 60 no mercado de coleções?
As bolhas econômicas já foram bem estudadas por economistas e têm três fases. Começam com uma mania. É quando as pessoas acham que podem ganhar dinheiro fácil investindo em um ativo qualquer. Podem ser ações, moedas, tulipas ou alho (de verdade, houve uma minibolha do alho na China alguns anos atrás). Gente que não conhece nada sobre o investimento passa a colocar a poupança e até a fazer empréstimos para aproveitar a onda.
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A segunda fase é a do pânico. Em algum momento essa leva de investidores novatos fica mais escassa. Investidores profissionais começam a desfazer suas posições e vendem os contratos que têm. Os preços caem e quem está enforcado para pagar contas e empréstimos corre para vender também. O pânico faz com que haja seguidas quedas no mercado.
O que segue grandes bolhas são as crises. Como geralmente as bolhas são bancadas com dinheiro emprestado, o mercado financeiro “seca”, fazendo surgir uma crise econômica. Essa terceira fase só é comum a grandes bolhas, em mercados como o de ações e o imobiliário.
Os boatos que cercam o mercado das moedas da Olimpíada são típicos de manias. Corre a história de que um russo saiu do país outro dia com R$ 9 mil em moedas. Teria sido revistado pela Receita e liberado porque a saída desse valor é legal. Cada moeda, diz-se, vale 20 euros na Europa. Outra história é a de que chineses estariam comprando coleções completas para exportação. Colecionadores portugueses também estariam de olho nas moedinhas brasileiras. Isso estaria inflando preços.
Se verdadeiras, essas histórias poderiam ser um primeiro sinal de alerta. Mas seria preciso mais. As pessoas teriam de estar comprando as moedas como forma de investimento, pagando ágio para segurá-las por algumas semanas até uma venda futura. Provavelmente já haveria contratos futuros de compra e venda para dar liquidez ao mercado e promover o lucro sem que as pessoas nem precisassem ver uma moeda pela frente. A compra para coleções pode mudar preços, mas não levaria à fase seguinte, o pânico.
É claro que quando o interesse pelas coleções acalmar o preço das moedas vai cair. Pânicos, no entanto, são caracterizados por pessoas vendendo tudo ao mesmo tempo porque têm outros compromissos para pagar.
A bolha mais curiosa da história envolve um produto que tão inocente quanto moedas: tulipas. Ela ocorreu nos Países Baixos em meados da década de 1630. Na época, investidores começaram a investir loucamente em títulos de compra e venda de tulipas. As flores eram muito apreciadas na região e seu preço estava em alta. Em algum momento, as pessoas pagavam o equivalente a uma casa por um bulbo raro. É claro que a mania passou e os preços despencaram, deixando muita gente sem nada. Na gíria do mercado, o dinheiro “virou pó”.
Moeda de R$ 1 vendida e R$ 60, portanto, não é uma bolha. Mas desconfie se as pessoas começarem a falar que a coleção da Olimpíada é o caminho da riqueza ou se seu vizinho hipotecar a casa para estocar coleções.
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