A escalada das montadoras chinesas, esperada para ocorrer nas próximas décadas na esteira do crescimento do mercado interno, entrou em uma nova fase ontem com a aquisição da Volvo Cars pelo grupo Geely. O negócio entre a companhia chinesa e a norte-americana Ford, dona da divisão de carros da marca sueca, deve ser finalizado até o fim do primeiro trimestre de 2010.
A manobra é semelhante ao que fez a indiana Tata, que há quase dois anos comprou as marcas britânicas Jaguar e Land Rover, também da Ford. Com o negócio, as montadoras emergentes aproveitam a necessidade que os fabricantes tradicionais têm de fazer caixa para ter acesso a tecnologia de ponta e mercados mais sofisticados.
Segundo o comunicado da Ford que anunciou o negócio, "todos os principais pontos relacionados à potencial venda da Volvo Cars foram definidos". O que falta para concluir a venda, diz a montadora, é trabalhar as partes de financiamento da aquisição e das aprovações dos respectivos governos.
Prestígio
Passar ao controle chinês garantirá a Volvo os recursos que a empresa precisa para se fortalecer, afirma a nota da Ford. A Geely garantiu que a Volvo "manterá a liderança em termos de tecnologias de segurança e ambientais", e que a marca sueca, graças ao prestígio, terá uma posição de destaque "para explorar as oportunidades do mercado chinês, em rápida expansão".
O governo da Suécia recebeu bem a notícia. "Nossa esperança, e a de todos que têm um forte apego à Volvo, é que a Geely seja um proprietário sólido e que faça o possível para manter boa parte da produção aqui na Suécia", disse o primeiro-ministro do país, Fredrik Reinfeldt.
A Ford, segunda maior montadora dos Estados Unidos, anunciou em dezembro de 2008 a intenção de vender a marca sueca, que havia adquirido na totalidade em 1999 por US$ 6,4 bilhões. Em outubro, informou que considerava que o grupo chinês Geely havia feito a melhor oferta, que seria de US$ 2 bilhões.
PerfilA Volvo Cars foi fundada na cidade de Gotemburgo, norte da Suécia, em 1927 e tem atualmente 22 mil funcionários no mundo, sendo 16 mil deles no país de origem. A negociação envolvendo a unidade de carros de passeio não terá reflexos sobre a fábrica da Volvo na Cidade Industrial de Curitiba, que pertence à Volvo Trucks, unidade de caminhões da marca e que não é de propriedade da Ford.