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Montadoras com fábrica no Brasil têm déficit comercial

Mesmo com forte presença no país, boa parte das grandes montadoras já importa mais do que exporta no Brasil, quando o cálculo é feito em dólares. A despeito dos novos investimentos em território nacional, as montadoras têm aumentado consideravelmente suas importações de veículos e autopeças. De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a maioria das montadoras registrou déficit comercial no ano passado.

Na lista de importações brasileiras de 2011, entre produtos manufaturados, os automóveis foram o principal item, com US$ 11,8 bilhões, alta de 39,19%. Em terceiro lugar aparecem partes e peças para veículos automóveis e tratores, com US$ 6,3 bilhões, alta de 20,73%. Partes para motores de veículos somaram US$ 1,5 bilhão, alta de 19,90%; motores para veículos somaram US$ 728 milhões, alta de 6,69%; chassis com motor e carroçarias para veículos somaram US$ 129,6 milhões, alta de 29,18%.

Na lista de exportações do ano passado os veículos aparecem com US$ 4,3 bilhões, queda de 0,93% ante 2010; partes e peças para veículos automotores e tratores somaram US$ 3,9 bilhões, alta de 16,36%. Dados do Sindipeças indicam que o déficit da balança do setor foi de US$ 4,6 bilhões no ano passado, alta de 30,9% sobre o déficit de 2010. As exportações aumentaram 16%, para US$ 11,1 bilhões, e as importações cresceram 20%, para US$ 15,8 bilhões. A maior parte das importações, segundo o Sindipeças, veio dos Estados Unidos (US$ 2 bilhões), da Alemanha (US$ 1,9 bilhão), do Japão (US$ 1,7 bilhão), da Argentina (US$ 1,3 bilhão) e da China (US$ 1,2 bilhão). O setor tem déficits desde 2007 e projeta que, em 2012, o saldo negativo chegue a US$ 5,6 bilhões.

PreocupaçãoConsiderado superior ao concorrente nacional, importado avança em vendas e alarma governo

O Brasil é, hoje, o quarto maior mercado consumidor de veículos do mundo, com vendas de 3,6 milhões de unidades em 2011, abaixo apenas da China, dos Estados Unidos e do Japão, de acordo com a consultoria automotiva Jato Dynamics. Até 2016, segundo a KPMG, outra consultoria, o Brasil deve figurar como o terceiro maior mercado.

Apesar desse bom momento, a produção de veículos no país aumentou apenas 0,8% em 2011 na comparação com o ano anterior, para 3,4 milhões de unidades. Em contrapartida, as vendas de importados saltaram 30% e alcançaram 858 mil unidades. Com isso, a participação dos importados no total de vendas do Brasil bateu recorde e atingiu uma fatia de 23,6%, com pico de 27% em dezembro, ante 18,8% em 2010.

A preocupação do governo é de que essa tendência de aumento de importados se acentue nos próximos anos. Atualmente, de acordo com fontes do setor, há uma defasagem tecnológica entre os carros brasileiros. O consumidor mais exigente tem preferido os importados, mais sofisticados, modernos e com maior valor agregado.

Um argumento usado pelo governo para forçar as montadoras a investir no país é o de que o mercado brasileiro é um dos mais lucrativos do mundo. No ano passado, as montadoras instaladas no Brasil enviaram US$ 5,58 bilhões em dividendos para as matrizes – 36% a mais que em 2010. As remessas do setor automotivo corresponderam a 19% do total enviado no ano passado, de acordo com dados do Banco Central.

Na briga por novas fábricas, o Brasil conta com o apoio da Argentina, que também quer elevar os investimentos de montadoras e autopeças. De 2011 a 2015, de acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), as montadoras têm planos de investir US$ 22 bilhões no Brasil. De 2007 a 2010, foram US$ 11,8 bilhões.

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