O pagamento do 13.º salário colocará R$ 143 bilhões na economia brasileira até dezembro de 2013, o que representa uma alta de 10% na comparação com o ano passado. O crescimento é decorrente do aumento do número de beneficiários no país que passou de 80,3 milhões em 2012 para 82,3 milhões neste ano e da média nacional do valor pago, que era R$ 1.566,01, mas hoje está em R$ 1.663,87.
Do montante total, cerca de R$ 100 bilhões (70%) serão pagos aos 50,6 milhões empregados formais do país, incluindo os trabalhadores domésticos. Os beneficiários do INSS, que totalizam 30,76 milhões, vão receber R$ 30 bilhões (30%). Já os aposentados e pensionistas da União e dos Estados terão direito a 13,5 milhões (9,4%).
Para dar conta de pagar esse dinheiro, as empresas o incluem no planejamento anual. "A gente vem provisionando mês a mês para não pesar no final do ano", conta Sebastião Moreira, proprietário da P&M Consultoria, assessoria e comercio exterior limitado. Como a lei permite, ele optou por fazer o pagamento em duas vezes uma até dia 30 de novembro e outra até dia 20 de dezembro.
Utilização
Segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), 61% dos brasileiros vão usar o 13.º para pagar dívidas. "A grande maioria vai sanar as pendências, mas outra grande parcela vai fazer comprar para o final do ano", afirma o diretor-executivo da entidade, Miguel Ribeiro de Oliveira.
Para o gerente financeiro do SPC Brasil, Flávio Borges, essa é uma tendência que se repete ano a ano. "As pessoas tendem a regularizar suas dívidas de uma forma geral, mas o objetivo final é poder consumir mais, como por exemplo nos presentes para o natal. O brasileiro não sabe poupar", relata.
É o caso da assistente administrativa Alana Garrett, que vai usar parte do 13.º para pagar dívidas. "Eu emprestei de uma pessoa para pagar o banco e agora vou ter de quitar meu débito com ela. Fiz isso para não enfrentar os juros bancários", relata. A outra parte do dinheiro, no entanto, ela não vai poupar. "Vou comprar coisas de mulher, como vestidos, sapatos e beleza", comenta.
Mas nem todo mundo vai "acabar" com as dívidas. O gerente de projetos Eduardo Marques, que recebeu a primeira parcela do 13.º no primeiro semestre e deve receber a segunda em dezembro, vai reservar o dinheiro para o filho Lucas, previsto para chegar ao mundo amanhã. "Como não vamos fazer viagem e não tenho dívidas, vou usar o dinheiro para os possíveis gastos com ele", relata o futuro papai.