O economista Mario Monti aceitou nesta quarta-feira o cargo de primeiro-ministro da Itália e apresentou a sua equipe de governo, formado por tecnocratas, anunciando que ocupa o delicado posto de ministro da Economia, para acalmar o assédio dos mercados e recuperar a confiança da Europa.
Monti substitui o "Cavaliere" Silvio Berlusconi, ao término de uma transição relâmpago que busca tranquilizar os mercados.
O prestigiado economista, de 68 anos, assume a pasta de Economia e Finanças no novo governo sem políticos com o objetivo de pôr fim à instabilidade financeira que na semana passada deixou a Itália à beira da quebra.
O primeiro-ministro designado e os novos membros do Executivo, entre eles cinco mulheres, farão o juramento na tarde desta quarta-feira e se reunirão posteriormente em um Conselho de Ministros.
O Parlamento terá que ratificá-lo como chefe de governo, como se prevê em uma República Parlamentar.
A equipe de Monti, formada por 16 pessoas, todos tecnocratas, contará com um "superministério" de Desenvolvimento Econômico, Infraestruturas e Transporte, a cargo de Corrado Passera, dirigente do segundo maior banco da Itália, Intesa Sanpaolo.
"A fusão destes ministérios permitirá uma maior coordenação do crescimento econômico", explicou Monti à imprensa.
"Na lista não aparecem políticos", reconheceu o novo primeiro-ministro, que espera que um governo sem personalidades políticas permita "que as forças políticas se acalmem e melhorem sua relação", explicou.
"A não presença de políticos vai facilitar em vez de atrapalhar" a gestão, explicou, após esclarecer que "blindou" sua equipe, porque isso permitirá uma relação direta com os cidadãos e com o Parlamento.
Os italianos se preparam para superar tempos difíceis, e o novo chefe de Governo adiantou que as principais forças políticas, sindicatos, industriais, jovens e mulheres "têm plena consciência da atual situação de emergência".
O novo primeiro-ministro destacou que todos os setores da sociedade consultados aceitaram a ideia de realizar sacrifícios para tentar tirar a Itália da crise.
Os mercados castigavam novamente nesta quarta-feira a dívida soberana da Itália com um prêmio de risco a 10 anos acima dos perigosos 7%, razão pela qual o novo Executivo terá que tomar decisões rápidas e eficazes para reduzir a gigantesca dívida de 1,9 trilhão de euros (120% do PIB).
Tanto o Partido Democrata (PD), principal movimento de esquerda italiana, quando o Povo da Liberdade (PDL), fundado por Silvio Berlusconi, confirmaram que apoiarão o governo no Parlamento.
O novo governo de consenso pode adotar também um novo plano de austeridade para completar as medidas de ajuste decididas em julho e setembro pelo governo de Berlusconi para alcançar o equilíbrio orçamentário em 2013.
Segundo a imprensa, o novo governo pode introduzir um imposto às propriedades imobiliárias, revogado por Berlusconi, assim como uma taxa sobre as grandes fortunas, uma medida que inclusive os industriais estão dispostos a aceitar.
Também pode introduzir grandes mudanças no sistema de aposentadorias, razão pela qual nomeou a especialista em pensões no ministério do Trabalho, e a privatização de serviços públicos, como água, luz ou coleta de lixo.
Enquanto isso, o chefe de Governo atual, Berlusconi, realizou sua mudança e retirou poucos objetos pessoais da sede de governo, entre eles um precioso vaso chinês e uma espada do Cazaquistão.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Deputados da base governista pressionam Lira a arquivar anistia após indiciamento de Bolsonaro
Enquete: como o Brasil deve responder ao boicote de empresas francesas à carne do Mercosul?
“Esmeralda Bahia” será extraditada dos EUA ao Brasil após 9 anos de disputa
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast