A notícia de que a Sadiateve prejuízo de R$ 760 milhões com operações financeiras, divulgada no fim do pregão desta quinta-feira (25), derrubou as ações da companhia e levou as agências de risco a rebaixarem a classificação dos papéis. A Moody’s rebaixou a nota de Ba2 para Ba3, enquanto a Standard&Poor’s colocou o papel em observação negativa. Terceiro ativo mais negociado no pregão, as ações preferenciais da Sadia caíram 34,19% ontem.

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Ainda que exista o temor de que outros grandes exportadores, como a Aracruz, possam ter tido perdas similares com operações cambiais, pesou negativamente para a Sadia o fato de não ter sido a primeira vez. Em 2002, a empresa também teve grandes perdas ao apostar em títulos públicos. "A posição extremamente agressiva da Sadia custou caro mais uma vez, representando uma enorme e inaceitável perda", afirmou o Unibanco em um relatório enviado a clientes.

As perdas vão anular a previsão de lucro para este ano e os bancos agora falam em prejuízo de R$ 250 milhões. A Sadia também já fala em revisão dos planos de investimento para 2009. "Vamos manter o crescimento e os investimentos mais importantes, mas não tem como deixar de revisar o plano", declarou o novo diretor de Finanças da Sadia, Welson Teixeira Junior.

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Assim como a Sadia, maior produtor de frangos e suínos do País, os exportadores costumam usar operações de derivativos para proteger suas receitas da oscilação cambial. "Como as margens de lucro estão muito espremidas por causa do real forte, é normal que os exportadores busquem obter algum ganho financeiro para compensar", diz um banqueiro. "Mas a Sadia extrapolou os limites "

Pelas regras internas da Sadia, a companhia deve manter sua exposição ao câmbio restrita a seis meses de faturamento com exportações (cerca de US$ 1,7 bilhão). No entanto, a diretoria financeira da empresa extrapolou o limite e expôs ao risco quase um ano de receita de exportação.

Segundo analistas, a empresa estava apostando na alta do real. No entanto, com a disparada do dólar, na semana passada, a empresa precisou desembolsar mais garantias. Para não comprometer ainda mais o caixa, a Sadia optou pela liquidação das operações. O incidente provocou a demissão do diretor de Finanças e Desenvolvimento Corporativo da companhia, Adriano Lima Ferreira. "Foram operações conduzidas pela diretoria financeira, mas assim que o Conselho de Administração tomou conhecimento, determinou a liquidação antecipada destas operações", afirmou Welson Teixeira Junior, que assumiu o lugar de Ferreira.

Para o UBS, o problema não é setorial, mas da Sadia. "Essa não é a primeira vez que a Sadia tem um impacto desproporcional em seus resultados financeiros por conta de erros de investimento", diz o relatório do UBS.

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