A agência de classificação de risco Moody´s elevou nesta quinta-feira os ratings do Brasil em moeda estrangeira e local, deixando o país a uma nota do chamado grau de investimento.
O movimento acontece cerca de 3 meses depois que outras duas grandes agências -Fitch e Standard & Poor´s- fizeram o mesmo com a nota brasileira.
O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, disse que a mudança do rating pela Moody´s estava "no forno". "Eles só esperaram a crise passar um pouquinho", afirmou.
Para ele, porém, o momento é inadequado. "Você tem uma incerteza muito grande quanto à CPMF, com pressão da sociedade, e à DRU (Desvinculação de Recursos da União). Há um risco já que o governo está extremamente engessado e tudo isso mexe com a capacidade de pagamento", opinou.
De acordo com a Moody´s, o aumento dos ratings do Brasil -que passaram de "Ba2" para "Ba1"- reflete a "melhoria observada no perfil de endividamento geral do governo, a antecipação de uma redução mais acelerada dos indicadores de endividamento do governo no futuro próximo, e a esperada continuação de fortalecimento dos indicadores de dívida externa".
O "Ba1" é a última nota abaixo do chamado grau de investimento, selo dado a títulos soberanos de países com risco baixo de default.
"Os indicadores de vulnerabilidade externa do Brasil têm apresentado reduções contínuas" disse o analista sênior da Moody´s, Mauro Leos.
"A contínua acumulação de reservas internacionais propicia um colchão financeiro e deve servir como defesa contra choques externos, que poderiam se materializar na eventualidade de um ciclo adverso de eventos atingir a economia brasileira", acrescentou.
Olhando para frente, a Moody´s avalia que pontos relevantes para a perspectiva dos ratings do Brasil incluem o futuro das reformas da previdência e tributária, "à medida que estas soluções são necessárias para aliviar as pressões estruturais nas contas fiscais".
Do lado do crescimento, a agência alerta para a existência de que "um déficit na infra-estrutura impõe sérias limitações ao potencial de crescimento do Brasil e apresenta-se como um fator que poderia limitar as perspectivas... de médio prazo".
Em maio, a Fitch e a S&P elevaram o rating do Brasil e colocaram o país a um degrau do "investment grade".
Para Agostini, da Austin Rating, "é bem possível que até o final do ano que vem" o Brasil chegue ao grau de investimento.