As ações da Petrobras caíram 5% e fizeram a Bolsa fechar levemente em baixa ontem, um dia após a agência de classificação de risco Moody’s rebaixar a nota de crédito da estatal. As ações da Petrobras chegaram a despencar mais de 8% no início dos negócios, mas reduziram as perdas ao longo do pregão. Os papéis preferenciais, mais negociados e sem direito a voto, fecharam com queda de 4,87%, a R$ 9,38. As ações ordinárias, com direito a voto, tiveram desvalorização de 4,52%, para R$ 9,30. Ambos os papéis lideraram as baixas do Ibovespa no pregão. O índice fechou com queda de 0,12%, a 51.811 pontos.
A empresa perdeu o grau de investimento, espécie de selo de local seguro para investir, da Moody’s, considerada uma das mais austeras em suas avaliações. O motivo foi a crescente dificuldade de a empresa conseguir publicar o balanço auditado, levantar dinheiro no mercado de capitais e o impacto que isso terá em seu caixa nas próximas semanas.
O rebaixamento, que ocorre duas semanas após a troca no comando da estatal, terá como consequência a saída de investidores, como fundos de pensão e de investimento, que não podem colocar dinheiro em ações e dívidas de empresas consideradas de alto risco de calote, como é agora a Petrobras.
Sem balanço auditado, a estatal não conseguia levantar recursos no mercado de capitais. A mudança deve tornar ainda mais caro o financiamento da companhia. Também deverá impactar os custos de financiamento de toda a cadeia de óleo e gás, que tem na Petrobras a principal intermediadora junto aos bancos e ao mercado financeiro. Pelo menos R$ 9 bilhões em papéis de fornecedores da Petrobras estão nos fundos de investimento brasileiros.
“O rebaixamento não me pegou de surpresa. Há um estrangulamento da estrutura de capital da empresa que vai além de recuperação de credibilidade ou do anúncio de nova diretoria”, afirma Roberto Altenhofen, analista da Empiricus Research.
Capitalização
Para Roberto Indech, analista da corretora Rico, a dúvida agora é se o governo vai capitalizar ou não a empresa neste ano e como se daria essa capitalização. “A Petrobras vai ter dificuldade em encontrar financiamento mais barato, então o custo de sua dívida sobe mais ainda para manter os investimentos”, afirma. Porém, um eventual socorro à empresa poderia comprometer o esforço para o ajuste fiscal.
Para Henrique Florentino, analista da UM Investimentos, pesa também a possibilidade de novos rebaixamentos por agências de classificação de risco como Fitch e S&P. “Quanto menor o rating da Petrobras, maior o prêmio que o investidor vai exigir para investir no papel da empresa”, diz.
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