A agência de classificação de risco Moody’s anunciou ontem que elevou o "rating" (nota de risco de crédito) da dívida soberana brasileira de "Baa3" para "Baa2", com perspectiva positiva – isso quer dizer que, para uma próxima revisão, há maiores chances de que o "rating" do país melhore novamente. Pelos critérios da Moody’s, o Brasil já é considerado "grau de investimento", ou seja, seguro para investidores, e a mudança de nota não altera esse status. Há cerca de dois meses, a Fitch havia dado o mesmo passo, melhorando a nota do Brasil dentro do grau de investimento.

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Em seu relatório, a equipe de analistas da Moody’s justifica a melhora da "nota" brasileira citando o "desejo de parte do governo em reverter políticas expansionistas e adotar um viés mais conservador, que aparenta ser mais consistente com uma trajetória de crescimento sustentável". Os especialistas também apontam a expectativa de que a relação dívida pública sobre PIB mantenha uma tendência declinante. Essa relação é uma medida consagrada entre analistas para averiguar a "saúde financeira" de um país, isto é, sua capacidade de saldar seus compromissos financeiros. Por outro lado, a Moody’s aponta como riscos "o rápido crescimento do crédito" com "pressões inflacionárias crescentes", bem como "sinais de superaquecimento [da economia]".

Repercussão

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Segundo analistas, a "promoção" recebida pelo Brasil é um sinal positivo sobre as expectativas que as agências de classificação de risco têm em relação ao governo de Dilma Rousseff. "Claro que é um voto de confiança que essas agências estão dando ao governo Dilma, uma indicação de que as coisas estão andando no caminho certo", afirmou o economista-chefe para o Brasil do Barclays Capital, Marcelo Salomon.

O anúncio da Moody’s é considerado positivo especialmente tendo em vista o momento de turbulência internacional, por causa da Grécia, e os constantes alertas sobre risco de bolha de crédito no Brasil. Ontem mesmo o jornal Financial Times publicou texto sobre esse risco. De qualquer modo, os analistas acreditam que não deve demorar muito para que a Standard & Poor’s, outra grande agência de classificação de risco, siga Ficth e Moody’s e também coloque o Brasil um degrau acima na escala de grau de investimento.

O chefe de pesquisa para mercados emergentes nas Américas da Nomura Secutiries, Tony Volpon, diz que é muito interessante que a Moody’s tenha dado o upgrade ao mesmo tempo em que menciona os riscos do crescimento do crédito no país. Segundo ele, isso mostra que, para a agência, a expansão do crédito não deve virar um "problema sistêmico". Michael Roche, estrategista-chefe para emergentes da consultoria MF Global, concorda: "Isso mostra que a agência acredita que esse movimento [de forte expansão do crédito] deve desacelerar. De qualquer modo, não creio que o Brasil esteja com situação de bolha."