O fraco crescimento e a desconfiança dos mercados ameaçam o status da França como um dos países mais seguros para investir. A advertência foi lançada ontem pela agência de classificação de risco Moodys, que ainda coloca o país, a segunda maior economia da zona do euro, no topo de seu ranking dos melhores pagadores, com Alemanha e EUA.
O relatório publicado ontem não alterou a nota atribuída aos papéis franceses (AAA, valor máximo). Mas, em outubro, a agência já alertara que poderia alterar o "viés" da avaliação para negativo nos próximos três meses. Esse viés é uma forma de a Moodys avisar que, a partir daquela data, aumentaram as chances de um rebaixamento do rating (nota de risco de crédito).
No mercado de títulos públicos, investidores têm considerado cada vez mais os papéis franceses como mais arriscados na comparação com as emissões da Alemanha, o "porto seguro" da Europa. "Quando você olha os preços no mercado, a França já perdeu de fato seu [rating] AAA. Se os EUA foram despojados do AAA pela Standard & Poors, qualquer um pode questionar por que a França ainda tem o seu", afirmou Raphael Gallardo, economista da corretora Axa IM. As bolsas europeias reagiram muito mal à notícia. Em Paris, o índice caiu 3,41%; em Frankfurt, 3,31%; e, em Londres, 2,62%.
Itália
Luc Everaert, diretor de políticas para a zona do euro da divisão europeia do Fundo Monetário Internacional (FMI), se recusou ontem a descartar uma possível ajuda do Fundo para a Itália. "É impossível prever", a esta altura, se o FMI terá de destinar fundos, respondeu, quando solicitado a comentar essa possibilidade. No começo de novembro, o agora ex-primeiro-ministro da Itália Silvio Berlusconi disse que o país rejeitou uma oferta de empréstimo do FMI, feita durante uma reunião do G-20 em Cannes, na França. O FMI pode oferecer diversos tipos de assistência financeira, cada um com suas próprias condições e características.
Everaert também disse que vai levar tempo para a Itália reconquistar credibilidade, e que, se as reformas não forem implementadas, os mercados ficarão estremecidos. Mesmo assim, o representante do FMI afirmou que Itália e Grécia parecem "estar se tornando mais sérias" sobre as ações que precisam adotar.