O presidente da Bolívia, Evo Morales, assegurou nesta quarta-feira, em entrevista exclusiva à emissora de TV "CNN Espanhol", que o fornecimento de gás natural ao Brasil e à Argentina "está garantido". Ele negou qualquer conflito com o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, de quem se disse "grande amigo".
Na entrevista, o presidente boliviano se referiu à Petrobras e à petrolífera hispano-argentina Repsol-YPF, e disse que as empresas "querem dialogar e negociar".
- Nós negociaremos com essas empresas, respeitando as leis bolivianas - acrescentou.
Para o presidente da Bolívia, a nacionalização das jazidas de petróleo e gás do país, que entrou em vigor em 1º de maio, responde ao direito de "qualquer Estado a tomar uma decisão soberana sobre os direitos de propriedade de seus recursos naturais".
Morales negou a possível influência dos presidentescubano, Fidel Castro, e venezuelano, Hugo Chávez, na decisão, que qualificou como "soberana". Ele afirmou que ninguém "sabia de nada" no encontro realizado em Havana no fim de semana passado entre os três presidentes.
- As empresas que respeitarem as novas leis bolivianas serão bem-vindas e seu investimento será respeitado. Discutiremos seus contratos, se querem investir ou não, mas sempre sob o estrito controle do Estado boliviano - afirmou Morales, lembrando que haverá um prazo de 180 dias para negociar e dialogar com as empresas.
O presidente boliviano disse que os contratos vigentes até agoraeram "inconstitucionais", pois ditavam que os hidrocarbonetos eram da Bolívia "enquanto estavam debaixo da terra" e das multinacionais "quando eram extraídos". O direito de propriedade na boca de poço "agora é do Estado", assegurou.
Além disso, Morales explicou que está negociando com asmultinacionais os pagamentos que o Estado boliviano exige delas como dívidas de compra dos direitos de exploração.