São Paulo - A forma como você se representa on-line algo que parece trivial e desimportante diz muito sobre quem você é na web e, mais do que isso, pode até mudar a maneira como você se enxerga no mundo off-line. O termo "avatar" não diz respeito apenas ao personagem virtual assumido em metaversos como o falido Second Life, muito menos ao bem-sucedido filme de James Cameron: a personalização de protagonistas em games e a foto escolhida para se colocar num perfil em rede social ou no MSN também são avatares.
Escolher a imagem de um personagem público, uma foto tirada de cima para baixo, um retrato mostrando esse e não aquele ângulo os menores detalhes podem falar muito sobre a forma que você quer visto on-line.
Prova disso é uma pesquisa divulgada pelo site de encontros americano OkCupid, que analisou 7 mil fotos para entender a diferença entre as pessoas bem sucedidas e aquelas que não arranjam companhia. O estudo mostra, por exemplo, que homens que posam com animais de estimação em seus avatares são os mais visados pelo sexo oposto, talvez por fugirem do estereótipo do machão que mostra o muque (também popular, vindo logo depois na lista). Já as mulheres com cachorros ou gatinhos no colo são as menos clicadas, abaixo até das fotos que as mostram bêbadas. Vai entender...
Isso mostra que, quando conhecemos alguém na internet, pensamos imediatamente no que o seu avatar diz e não adianta se esconder atrás de personagens de videogame, pois eles também representam algo. É o equivalente virtual à primeira impressão, cara a cara. Mais do que isso: dependendo do quão profunda é a relação da pessoa com uma rede social ou um game em que é representado por um bonequinho, aquele imagem pode até mesmo alterar a sua vida cotidiana quase como acontece com Jake Sully, o personagem de Sam Worthington no filme Avatar, que escolhe viver como a sua projeção virtual no planeta Pandora.
É isso o que Nick Yee chamam de Efeito Proteus. Por meio de vários experimentos, os acadêmicos concluíram que a imagem digital pode, sim, mudar a maneira como a pessoa se encara.
A conclusão é a mesma do professor Hal Ersner-Hershfield, da Universidade de Northwestern, que expôs 50 voluntários a uma imagem em realidade de virtual de como eles se pareceriam aos 70 anos. Quando já estavam familiarizados com uma cara cheia de rugas, essas pessoas eram questionadas sobre assuntos como seguro de vida e previdência. O resultado? Todos ficaram mais cautelosos. "Isso mostra que avatares podem sim alterar as pessoas", conclui.