A alta do preço dos combustíveis de surpresa, ocorrida nesta semana em Curitiba, causou um protesto intenso pelas ruas do bairro Tarumã, nesta tarde de sexta-feira (2), feriado de Finados. Mais de uma centena de veículos percorreu e lotou a Avenida Victor Ferreira do Amaral, uma das principais da capital, parando nos postos para abastecer apenas R$ 0,50, uma forma de resposta ao aumento abusivo antes do feriado prolongado. O protesto foi todo organizado pelas redes sociais na internet e mobilizou centenas de indignados com os novos preços dos combustíveis.
"Os donos dos postos precisam ver que a população não vai deixar ficar assim. Foi um abuso muito grave", afirma o coordenador do movimento, o autônomo Leandro Fachin, 25 anos. Ele e alguns amigos se reuniram em uma praça, no bairro Cristo Rei, por volta das 16h desta sexta-feira. Aos poucos, vários grupos de pessoas foram se reunindo no local, formando uma fila enorme de carros e motocicletas, que saíram em direção aos postos do bairro Tarumã.
Além do congestionamento na avenida, um buzinaço tomou conta dos postos, que não conseguiram atender a demanda causada pelo protesto. A cada veículo que abastecia R$ 0,50, o pagamento era feito com cartão de débito ou crédito, causando revolta em alguns funcionários dos postos. O transtorno aos frentistas acabou até em intolerância em alguns casos. "Nós, que trabalhamos no posto, não temos culpa. Eu trabalho aqui e sei que meu patrão está sempre no vermelho", disse uma funcionária de um dos postos.
No primeiro posto, um dos funcionários deixou de entregar o cupom e se negou a entregar nota fiscal. A alguns metros à frente, em outro estabelecimento, os frentistas não quiseram liberar o pagamento dos abastecimentos com cartão. Segundo os funcionários, o posto não aceita pagamentos abaixo de R$ 5 com cartão. "Coloquei R$ 0,50 na minha motocicleta e não deixam eu pagar com cartão", disse o autônomo Paulo Sérgio Ramos, 43.
No quinto posto visitado pelos manifestantes, os funcionários do estabelecimento se negaram a atender os clientes que pediam para abastecer R$ 0,50, segundo Fachin. Como coordenador do movimento, ele deverá encaminhar ao Procon-PR os nomes dos postos que não fizeram o atendimento e que não entregaram nota fiscal.
A reportagem procurou o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do Paraná (Sindicombustíveis-PR), mas nenhum dos telefones de contato atendeu às ligações.
Falta de bom senso
Quando os manifestantes chegaram ao segundo posto de combustível, uma viatura da Polícia Militar (PM) chegou após ligação de um dos funcionários. Um dos agentes avisou que a manifestação poderia ocorrer livremente, desde que não perturbasse a ordem. Embora fosse um protesto pacífico desde o início, um dos policiais anotou uma série de placas para multas por perturbação do sossego pelo buzinaço.Como começou
Antes mesmo dos preços dos combustíveis aumentarem, usuários do site Xpeed Club comentaram num fórum de discussões sobre uma possível alta surpresa. De acordo com Fachin, cinco pessoas começaram a falar em protestos contra o aumento dos preços. "Abri o evento no Facebook e compartilhei com a minha rede pessoal. Quando vi, mais de 20 mil pessoas tinham compartilhado e cerca de 1.500 tinham confirmado presença no protesto. Espero que abaixem o preço", diz Fachin, surpreso pela rapidez da mobilização.
Aumento
Na última quarta-feira, motoristas de Curitiba foram surpreendidos com o aumento do preço dos combustíveis, que chegou a subir, entre um dia e outro, quase R$ 0,50 no caso da gasolina e R$ 0,20 no do etanol. De acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o valor médio da gasolina na capital, na semana passada, era de R$ 2,46 e do etanol, R$ 1,82. Três dias depois, vários estabelecimentos cobravam R$ 2,89 pela gasolina e R$ 1,99 pelo etanol.
Multa
Em uma ação inédita, o Procon-PR e o Ministério Público do Paraná (MP-PR) aplicaram, em um trabalho conjunto, uma multa de R$ 1.177.200 ao Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis (Sindicombustíveis-PR) devido ao aumento repentino no preço dos combustíveis às vésperas do feriado de Finados. É a primeira vez que o sindicato dos postos é multado em uma ação dos dois órgãos e neste valor.
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