A movimentação de cargas por contêineres no Brasil deve crescer a um ritmo de 6,5% ao ano nos próximos cinco anos, segundo a consultoria Datamar, especializada em comércio exterior marítimo. “É um crescimento três vezes superior ao do PIB”, destacou o diretor Andrew Lorimer, durante a Intermodal, uma feira de logística realizada nesta semana em São Paulo.
A consultoria projeta que o volume de contêineres movimentados deve saltar de 10,3 milhões de TEMUs (contêineres de 20 pés, unidade de referência do setor) ao ano em 2018, para 14,1 milhões de TEUs, em 2023.
A expectativa é de que o crescimento seja puxado pelo Norte do país, onde a cabotagem é muito forte, principalmente para o transporte de eletroeletrônicos e autopeças. A consultoria projeta um crescimento anual superior a 13%. Empresas como a Aliança estão reforçando as rotas na região. 24% das entregas feitas pela empresa de navegação no Pará e no Amapá usaram rotas fluviais.
“Para este ano, o desafio é o de aumentar a movimentação nas rotas atuais e desenvolver projetos para atendimento de outras localidades com grande potencial para a cabotagem, envolvendo o embarque de açaí, grãos, caulim e cacau, entre outros”, afirma Otávio Cabral, gerente geral da Aliança no Norte.
Outra região que tem grande potencial de crescimento, segundo o estudo, é o Nordeste. A expectativa é de que o ambiente de negócios melhore no curto prazo na região. “Ela tende a amplificar a situação brasileira. Quando o Brasil vai bem, o Nordeste vai ainda melhor”, disse o diretor de um terminal importante na região.
Segundo a Aliança, no ano passado, as rotas mais procuradas foram do Sul para o Nordeste e também no sentido contrário. O transporte de cargas entre o Ceará e a Bahia aumentou 300%. E da Bahia para São Paulo. A empresa iniciou o transporte de materiais de construção de grande porte de Santa Catarina para o Nordeste.
Quem também está investindo no Nordeste é a MSC, que está lançando novas rotas de transporte de carga refrigerada. A partir de setembro, portos do Oriente Médio e do Mediterrâneo também passam a ser atendidos pela armadora. A ideia é de que a partir de Pecém (CE), sejam escoadas frutas frescas, por meio de contêineres refrigerados, para esses mercados.
Investimentos
Mesmo com investimentos que estão sendo feitos na ampliação dos terminais de contêineres, a previsão é de um aumento na previsão de utilização da capacidade instalada, passando de 56,6% para 64,7% em 2023.
Um dos terminais que está se preparando para este novo cenário é o de contêineres de Paranaguá. O TCP está concluindo, até o segundo semestre, um investimento de R$ 600 milhões que resultará na expansão do cais de 880 para 1.100 metros e a ampliação da retroárea de 350 mil para 500 mil metros quadrados. Atualmente, a obra está no processo de cravação de estacas.
“Isto possibilitará receber navios de maior porte, o que é uma tendência no transporte marítimo. Há 20 anos, grandes navios transportavam 2 mil TEUs. Hoje, o volume quintuplicou”, diz Luiz Antonio Alves, CEO do TCP. E a tendência é de crescimento dos navios em operação.
O empreendimento está recebendo novas linhas. Em 12 de fevereiro, passou a receber uma linha que permite o envio direto de cargas para portos da região do Mediterrâneo Ocidental (Espanha, Itália e Malta), operada pelos armadores CMA CGM e Hamburg Sud. E outro serviço que estreou recentemente foi uma rota que liga o terminal à China, Hong Kong e Cingapura.
*O jornalista viajou para São Paulo a convite da organização da Intermodal
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