Restrições
Fechamentos de pista afetam movimento em Maringá e Cascavel
No interior, a queda na demanda de passageiros que utilizam os chamados aeroportos regionais, não administrados pela Infraero, pode ser justificada, segundo as administrações locais, pelo fechamento momentâneo das áreas ao longo de 2013. Em Maringá, a medida ocorreu em junho. Em Cascavel, houve interrupção dos serviços em janeiro e operação com restrição durante três meses do ano.
"A demanda vem crescendo, tivemos um incremento de companhias que operam conosco e em dezembro batemos nosso recorde de passageiros no mês, 21 mil. O que afetou mesmo foi o fechamento que fizemos para ampliar nossa pista", explica a gerente de Divisão do Aeroporto Municipal de Cascavel, Dulce Ana de Castro.
Em Maringá, foram recebidos 727,8 mil usuários no ano passado, 3,6% menos que os 755,5 mil de 2012. Em Cascavel, a queda foi de 3,5%: foram 163,3 mil passageiros em 2013, contra 169,4 mil no ano anterior.
Expansão
O plano de expansão da aviação regional, lançado pelo governo federal em 2012, prevê investimentos em 15 aeroportos do Paraná. As intervenções, na casa dos R$ 319 milhões, devem abranger os municípios de Bandeirantes, Maringá, Londrina, Telêmaco Borba, Umuarama, Toledo, Cascavel, Campo Mourão, Ponta Grossa, Guarapuava, Foz do Iguaçu, Francisco Beltrão, Pato Branco, União da Vitória e Paranaguá. Ao todo, 270 aeroportos receberão investimentos no país. A meta do governo é fazer com que 96% da população brasileira esteja a menos de 100 km de distância de um aeroporto apto a receber voos com regularidade. Apesar de os projetos ainda estarem em fase de licitação, o início das obras está previsto para ocorrer ainda neste primeiro trimestre.
Os três aeroportos paranaenses administrados pela Infraero fecharam 2013 registrando a primeira queda, em dez anos, no número de passageiros transportados. Embora um ou outro destino já tenha apresentado declínio nos últimos anos, desde 2003 o conjunto vinha mostrando crescimento na demanda. Estatísticas da estatal federal apontam que, no ano passado, foram contabilizados 9,4 milhões de passageiros nos aeroportos de Curitiba, Foz do Iguaçu e Londrina, abaixo dos 9,6 milhões de 2012.
INFOGRÁFICO: Confira a situação das demandas de passageiros
Esta redução, na casa dos 2%, já era esperada em razão de um movimento baixo desde os primeiros meses do ano, diz o especialista em aeroportos Mauro Martins, da Universidade Tuiuti do Paraná. "Até o primeiro trimestre, começamos o ano com a demanda ruim. A partir do segundo semestre, houve recuperação em um ou outro aeroporto. Curitiba, por exemplo, era para ter queda de 6% a 7%, mas ficou em 1,3%", comenta.
Martins atribui a queda no número de passageiros a períodos em que os aeroportos de Curitiba e Foz operaram com restrições, devido a obras nas pistas. Mas, para o coordenador da Academia de Ciências Aeronáuticas da Universidade Positivo, comandante Luiz Nogueira Galetto, a redução na demanda tem relação direta com gargalos dos terminais. "Temos voos atrasados, restaurantes caríssimos, estacionamentos com dificuldades, uma série de coisas que aborrecem o usuário. Dependendo do perfil do passageiro, é desanimador", critica.
Os problemas estruturais, contudo, não são os únicos que afastam usuários do transporte aéreo, pondera o professor Jorge Leal Medeiros, do Departamento de Engenharia de Transportes da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). As tarifas, assinala ele, também subiram, influenciadas pela conjuntura econômica. "A falta de investimentos em aeroportos é grave, mas, no global, não deve ser o principal motivo da queda", pontua.
Procurada, a Infraero informou apenas via assessoria de imprensa da Região Sul que o declínio na demanda não está restrito a unidades do Paraná ou a aeroportos administrados pela estatal.
Regionais
O cenário revelado pelas estatísticas da Infraero coloca em discussão outra questão: a viabilidade dos investimentos em 270 aeroportos regionais anunciados pelo governo federal. O plano de expansão da aviação civil no país deve demandar R$ 7,3 bilhões.
Para Galetto, o setor ainda merece passar por intervenções. "O governo, neste ponto, está 100% certo. Quando se fala em multimodalidade no transporte, o aeroporto regional se torna importante para a indústria e o escoamento de bens de alto valor agregado", defende.
Leal observa, contudo, que o mais importante é desenvolver ações para atrair novas companhias para essas regiões. "Tem que selecionar [os aeroportos] cuidadosamente, porque se não se faz investimentos e ninguém opera depois", diz.
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