“Olha aí, freguesia, é o carro do sonho que está passando. Alfa é qualidade”. O áudio repetido a cada 40 segundos pelas principais ruas de Curitiba por meio de uma rede de vendedores autônomos deu cara a uma marca bastante conhecida dos moradores da capital. Até quem nunca experimentou um sonho sequer, conhece a fama da empresa.
No final do ano passado, contudo, a Sonhos Alfa, teve de profissionalizar o negócio, adaptando-o às exigências legais, e a empresa familiar sentiu o baque. A casa de 200 m² em que são fabricados os sonhos, no bairro Hauer, precisou passar por uma reforma e uma engenheira de alimentos foi contratada para acompanhar o processo, além de outras modificações necessárias. Hoje, três funcionários tocam a produção.
2,5 mil
sonhos é a produção diária da Alfa, apesar de a capacidade de fabricação ser de até 20 mil unidades. A adequação da empresa para preservar a qualidade do produto custou cerca de R$ 40 mil.
Se hoje as certificações na parede atestam que o negócio está em dia, o mesmo não se pode dizer da conta bancária da empresa. A adequação custou cerca de R$ 40 mil e, para priorizar a qualidade, a produção encolheu de 8 mil para 2,5 mil sonhos diários, o que fez cair o número de vendedores nas ruas.
O proprietário Humberto Oliveira até tentou evitar, mas esse custo teve de ser repassado ao preço da guloseima. “Enquanto nosso sonho custa R$ 0,75 a unidade, outros fabricantes vendem a R$ 0,60”, conta. No fim do dia, segundo ele, R$ 0,15 de diferença em uma venda média de 200 sonhos por vendedor pode resultar em R$ 30 reais a mais – ou a menos – no bolso. Para piorar, muito vendedores usam a gravação, carimbo da marca consagrado no vozeirão de Oliveira, para vender sonhos como se fossem Alfa, enganando o consumidor e maculando a imagem da empresa. “A concorrência é desleal”, se queixa.
Trunfo
Hoje, mais do que nunca, o grande trunfo da Sonhos Alfa para se manter no mercado é a qualidade do produto. A produção certificada resulta em um sonho fofinho, macio e com data de validade atestada na embalagem. Com a margem de lucro apertada – operando às vezes no vermelho – e capacidade de produção de até 20 mil sonhos diários ociosa, Humberto vislumbra no atacado uma nova oportunidade.
Nos planos está a venda dos sonhos sem recheio para padarias e supermercados. Em embalagens menores, as pessoas poderiam levar e rechear em casa, acredita. Mas ele nem pensa em abandonar os vendedores fiéis que levam seus sonhos de porta em porta, faça chuva ou faça sol, e os consumidores acostumados a essa comodidade.
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