Mariana Ferraz, do Idec: cuidados com o público infantil, mais volúvel| Foto: Divulgação

EUA

McLanche Feliz é alvo de restrição

Nada de brinquedo depois da comida. Esse é o recado que algumas prefeituras norte-americanas começam a mandar e que tem como destino preferencial o McDonald’s e seu McLanche Feliz. A cidade de San Francisco, na Califórnia, é o caso mais conhecido. No mês passado, os vereadores locais aprovaram lei que impede a venda de alimentos associada a brinquedos em casos em que a refeição não atenda certos parâmetros nutritivos. Ou seja, se um alimento supera os limites estabelecidos de gordura, açúcar e calorias, não pode vender junto um brinquedo.

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Regulamentação pelo mundo

Veja como alguns países tratam a publicidade de alimentos não saudáveis:

Coreia do Sul

Na Coreia do Sul, as empresas são obrigadas a colocarem nos rótulos faixas nas cores vermelha, amarela e verde para indicar os níveis de sal, açúcar e gordura. Produtos com níveis acima do recomendado devem contar a inscrição "ruim" no rótulo.

Reino Unido

No Reino Unido, um "acordo branco" prevê que as empresas de alimentos prejudiciais ajudem a financiar campanhas governamentais para estimular a população a adotar hábitos de vida mais saudável, com exercício físico e melhor alimentação.

Em contrapartida, essas empresas não vão enfrentar uma legislação restritiva.

Suécia

Há 25 anos, a Suécia foi o primeiro país membro da União Europeia a banir totalmente a publicidade de "junk food" para crianças menores de 12 anos. Posteriormente, a Noruega adotou legislação semelhante.

França

Na França, desde o início de março de 2007 as propagandas de alimentos não saudáveis e bebidas são obrigadas a divulgar mensagens com dicas para melhorar a saúde.

Mais de 40 entidades de áreas relacionadas à saúde, nutrição e defesa dos direitos do consumidor e das crianças lançam oficialmente hoje a Frente pela Regu­lação da Pu­­bli­­ci­­dade de Ali­mentos. O lançamento ocorre durante um evento na Fa­­cul­dade de Saúde Pú­­blica da Uni­versidade de São Paulo (USP), na capital paulista, que vai dis­­cutir a necessidade de regulamentação da propaganda de alimentos considerados não saudáveis.

Publicidade

As entidades já haviam assinado, no mês passado, uma carta em defesa da resolução número 24 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), texto que busca estabelecer regras para a publicidade de alimentos com alto teor de açúcar, gordura e sódio, e bebidas com baixo teor nutricional. A regulamentação foi publicada em junho, mas suspensa em setembro por uma liminar da Justiça Federal de Brasília – atendendo a um pedido da Associação Bra­­sileira das Indústrias de Alimentos (Abia), que considera que a normatização do setor não é de competência da Anvisa.

Regras

A norma prevê que os comerciais desses alimentos passem a alertar os consumidores sobre os riscos do de­­­­senvolvimento de doenças co­­mo hipertensão, obesidade, diabete, colesterol e infarto. Os avisos se­­­­riam semelhantes aos dos maços de cigarro – algo como "contém mui­­­­­­to sódio e, se consumido em grande quantidade, aumenta o risco de pressão alta e de doenças do coração".

Segundo a advogada do Insti­tuto de Defesa do Consumidor (Idec) Mariana Ferraz, o objetivo é levar a discussão ao conhecimento da sociedade de maneira clara. Um cuidado ainda maior é necessário, na opinião da advogada, quando se trata de materiais destinados ao público infantil. "Essa propaganda muitas vezes relaciona as guloseimas com brincadeiras, se destinando a um público que é hipervulnerável", alerta. A carta assinada pe­­las entidades também defende a legitimidade da Anvisa em atuar no setor.

Controle atual

Publicidade

As entidades ligadas à publicidade e à indústria de alimentos alegam que a propaganda brasileira tem um sistema misto de controle – o Código de De­­fe­­sa do Consu­midor e o Con­selho Nacional de Autorre­gu­lamen­tação Publi­citária (Co­­nar) – que "funciona muito bem", e é capaz de evitar abusos e distorções. Em agosto, Coca-Cola Brasil, Pepsi e outras 20 empresas líderes do setor de alimentos e bebidas associadas à Abia e a Associação Bra­sileira de Anunciantes (Aba) assinaram um compromisso público e voluntário de não produzir publicidade dirigida a crianças menores de 12 anos.

Serviço:

A mesa redonda será transmitida ao vivo pelo site www.iptv.usp.br/portal/home.jsp.