Curitiba – O Ministério Público denunciou à Justiça cinco pessoas envolvidas com o desvio de 2 mil toneladas de soja no Porto de Paranaguá em outubro de 2003. Na época, o caso chamou a atenção de deputados estaduais e foi investigado por uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). A conclusão divulgada pela Promotoria de Justiça de Paranaguá é de que duas empresas, um prestador de serviços e um ex-chefe de Divisão de Operações da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) usaram a carga de grãos de forma indevida.

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Os empresários Noli Osvaldo Rocha Cordeiro e Luiz Arnaldo Escomassão, sócios da operadora Uninave, além do autônomo Édson José Alves, que prestava serviços à Uninave, Valdir Neves, que era chefe de operações da Appa, e Adalberto César Ignácio, sócio da Nave Cereale, foram denunciados por estelionato. Segundo a promotoria, Noli, Luiz, Édson e Valdir desviaram 2 mil toneladas de soja pertencentes ao pool de empresas que usam o silo público administrado pela Appa.

Além disso, a promotoria narra duas irregularidades em que os empresários teriam oferecido como garantia produtos de outras empresas. Em uma das situações, 600 tonealdas de soja foram apresentadas pela Nave Cereale como lastro da operação. Os grãos pertenceriam a outra companhia, a Rodosafra. A Uninave teria oferecido 2,5 toneladas de farelo de soja que seriam da empresa MGT Brasil.

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A investigação do sumiço da soja começou em dezembro de 2003, dois meses após o desvio, quando a Appa denunciou o caso à Polícia Civil. No início, a operação envolvendo os grãos foi apresentada como um "empréstimo", comum no Corredor de Exportação. Quando precisam completar um carregamento, mas não têm o produto no silo em Paranaguá, os operadores podem pedir a liberação de estoques de outras empresas. A reposição precisa ser feita em até sete dias.

A Uninave apelou para o empréstimo, mas não cumpriu o prazo para devolver a carga, avaliada em pouco mais de R$ 1 milhão. Segundo a Appa, houve a reposição de apenas 400 toneladas e faltariam ser entregues 1,6 mil toneladas. Depois do incidente, a empresa fechou as portas e deixou de operar em Paranaguá. A soja que desapareceu pertence a exportadores que usam o silo público e, no momento em que foi desviada, estava sob a responsabilidade da Appa.

Para o superintendente da Appa, Eduardo Requião, o sumiço da soja mostrou uma fragilidade de operação que está sendo corrigida. "Tratava-se de um processo vicioso que denunciamos como exemplo do que esta administração está fazendo para combater quem quer denegrir e usurpar-se da coisa pública", disse Requião, em nota divulgada para a imprensa. O superintendente criticou a exploração do fato pela CPI no ano passado.

Apoio

As disputas políticas envolvendo o porto, que estavam restritas às casas parlamentares e às meses de reunião da Appa, chegaram às ruas. Ontem, o movimento "O Porto é Nosso", encabeçado pelo deputado estadual Rafael Greca, montou uma barraca na Boca Maldita, em Curitiba, para pedir apoio à população contra o projeto que cancela a delegação do porto ao governo do estado. O parlamentar está passando um abaixo-assinado de repúdio à proposta.

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