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Contas públicas

Secretário diz que não há “picaretagem” na mudança dos precatórios

Rogério Ceron
Rogério Ceron, secretário do Tesouro, diz que governo não está fazendo "contabilidade criativa" ao pedir mudanças no pagamento de precatórios. (Foto: Washington Costa/Ministério da Fazenda)

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O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, rebateu as críticas que o governo vem recebendo após pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) que reveja o pagamento de precatórios, e que passou a ser classificado como “contabilidade criativa”. Ele afirmou que a medida não vai impactar a meta de déficit zero nas contas públicas em 2024 e negou que a iniciativa tenha sido adotada para cumprir metas fiscais em detrimento de pagamentos das dívidas.

“Eu sei que, às vezes, o pessoal fica meio triste que a gente não está fazendo nenhuma picaretagem; mas o pessoal fica procurando esse tipo de coisa. ‘Ah não, mas qual é a pegadinha?’ Não tem pegadinha”, disse em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo publicada nesta quarta (27).

Ceron explicou que a proposta visa a resolver o problema de uma espécie de “moratória parcial” do governo, de uma “despesa oculta” que precisa pagar em dia. O governo recorreu ao STF para rever o pagamento de precatórios, buscando quitar cerca de R$ 95 bilhões de dívida acumulada.

A principal mudança na proposta é tratar o valor principal da dívida de precatórios como despesa primária, enquanto os juros serão separados e tratados como despesa financeira, fora do resultado primário. Isso levantou dúvidas sobre o impacto fiscal da medida.

Ceron afirmou que essa segregação é adequada do ponto de vista contábil e não visa melhorar o resultado fiscal do governo, pois o montante a ser pago em precatórios permanece inalterado. Ele esclareceu que o governo pagará R$ 66,4 bilhões em 2024, R$ 69 bilhões em 2025 e R$ 72 bilhões em 2026, de acordo com as projeções.

“O que vai acontecer se o STF aprovar? Em 2024, paga os mesmos R$ 66,4 bilhões. Em 2025, a gente tem de encaixar tudo no arcabouço. Nas nossas previsões, mesmo com a segregação (separação) de juros, classificando como despesa financeira, deve ter uma pressão de gastos de R$ 2 bilhões, R$ 3 bilhões a mais. Então, é o contrário: estou colocando um pouquinho mais de carga no fiscal em 2025 e 2026 em relação a não fazer nada”, explicou.

O secretário também negou qualquer relação entre a mudança nos precatórios e a meta de déficit zero em 2024, esclarecendo que a medida é independente e não afeta a discussão sobre a meta fiscal para o próximo ano.

Ceron destacou, ainda, que 2023 é o momento adequado para implementar essa mudança, pois há espaço na meta fiscal atual. Ele ressaltou que o governo não está excluindo nada da meta e que a proposta busca resolver uma questão séria relacionada à moratória parcial.

“Dos R$ 95 bilhões de crédito extraordinário, algo em torno de 35% do estoque são juros. Então, cerca de R$ 60 bilhões vão ficar como [despesa de] primário. Esse valor encaixaria na meta prevista para este ano [a meta autoriza um déficit de até R$ 216,4 bilhões, sendo que a estimativa atual para o rombo é de R$ 141,4 bilhões. Ou seja, há uma ‘folga’ de R$ 75 bilhões]”, completou

A discussão sobre os precatórios continua e será analisada pelo STF, mas, segundo o secretário, a medida é uma tentativa de trazer transparência aos compromissos financeiros do governo e não está relacionada a metas fiscais. “Essa discussão não impacta um real no debate sobre a meta fiscal para o ano que vem. Não tem nada a ver”, finalizou o secretário.

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