O grande desafio das telefônicas
Se para os clientes o momento é de expectativa, para as operadoras é de preparo.
Elas estão realizando testes, com o supervisionamento da Anatel, tentando minimizar os problemas que podem ocorrer. A portabilidade já está prevista há dois anos, mas mesmo assim não houve uma preocupação por parte das operadoras quanto ao cumprimento do prazo. A Associação Brasileira de Concessionárias de Serviço Telefônico Fixo Comutado (Abrafix) fez um alerta à Anatel, demonstrando preocupação quanto aos prazos. A justificativa é que todo o sistema de reconhecimento do cliente estava associado ao número do telefone e terá que ser alterado. Em reunião com as operadoras, no entanto, a Anatel confirmou o cronograma previsto. Já o presidente executivo da Associação Brasileira das Prestadoras de Serviço de Telecomunicações Competitivas (Telecomp) que tem como associadas GVT, Net e Embratel, entre outras, garante que as operadoras estão 100% prontas para o início da portabilidade.
Ah, se fosse antes...
A designer curitibana Cláudia Regina Santos gostaria que a portabilidade numérica estivesse valendo há dois meses, quando perdeu o celular. "Já que tinha perdido o aparelho e ia precisar comprar outro, pensei em aproveitar e trocar de operadora. Mas não foi possível", conta. Cláudia não estava satisfeita com a qualidade do sinal e com os valores pagos pelas chamadas. Mas era importante manter o mesmo número de telefone, já que trabalha como autônoma e usa o mesmo número há quatro anos. "Acabei ficando na mesma operadora para manter o número do celular", afirma. Cláudia terá que esperar até janeiro para exercer seu direito de opção, já que mora na capital. (GI)
O empresário Jian Papa, de Apucarana, começou com sua empresa, uma agência de publicidade, em 2003. Era um pequeno negócio, e o início era quase amador: um escritório e uma linha telefônica emprestada, que estava em nome do pai de um dos sócios. Mas as oportunidades foram surgindo e a agência decolou. Agora Jian precisa resolver algumas questões ligadas à telefonia: primeiro, precisa transferir a linha para o nome da Pixel Comunicação sem alterar o número, porque ele é conhecido no mercado e está, por exemplo, nas listas telefônicas. Outra é conseguir planos de tarifas adequados à sua rotina de uso. A solução dos sonhos do empreendedor seria mudar de operadora e desfrutar de descontos e preços melhores. Uma solução que está a poucos dias de se tornar realidade.
É a portabilidade numérica da telefonia, um nome complicado para uma operação fácil de entender. Na prática, é a possibilidade de o cliente levar consigo o número de telefone quando fizer determinadas mudanças. Uma delas diz respeito à operadora: se o cliente mudar a prestadora do serviço, poderá ficar com o mesmo número. Outra refere-se ao endereço. Quando se tratar de uma linha fixa, basta que ele continue dentro da mesma localidade para que leve junto o telefone. Ou seja: se alguém se mudar do Pinheirinho para Santa Felicidade, o número não muda. Se for para Araucária, aí sim haverá alteração. Já no caso dos celulares, a portabilidade se dá na área do código DDD. Assim, mesmo que o cliente saia de Curitiba para Araucária, São José dos Pinhais ou Paranaguá, fica com o mesmo número.
Os estudos para a mudança começaram, dentro da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), há dois anos. Para evitar problemas, a adaptação vai ser progressiva, com alguns códigos de área de cada vez, num cronograma que se estende até março do ano que vem. Para os clientes de Curitiba, a novidade só entra em vigor entre 12 e 18 de janeiro. Mas na área do código 43, que inclui Londrina e a Apucarana do empresário Papa, começa a valer em 1º de setembro. Ele, aliás, pretende fazer sua transferência já no primeiro , uma segunda-feira. "Quis migrar para uma outra operadora até para colocar a linha no nome da empresa, mas continuo com a mesma dificuldade até hoje. Pago a mais para que o número da empresa seja anunciado na lista telefônica com outro nome. Tudo para não perder o telefone", conta.
O processo de transferência deverá ser simples para o cliente. A pessoa interessada em mudar de empresa deverá ir até a operadora para a qual irá migrar. Fará uma solicitação e, imediatamente, o contrato com a antiga operadora será cancelado. A Anatel prevê a cobrança de uma taxa, com valor ainda não definido, mas estimado em R$ 10,00. O valor deverá ser pago à nova operadora e deverá ser transferido à Associação Brasileira de Recursos em Telecomunicações (ABR Telecom), organização que reúne as onze principais operadoras de telefonia do país. A ABR Telecom irá administrar um banco de dados com informações de todos os assinantes do país.
Quebra de contrato
Até agora, quando o usuário tecla um número de telefone, a operadora já sabe de onde ele é e encaminha a ligação. Com a mudança, a identificação não será mais pelo número telefônico. Para completar qualquer chamada, a operadora primeiro consultará a base da ABR Telecom, que dirá a qual companhia o número pertence. Só então será possível fechar o circuito.
É claro que o cliente que quiser trocar de companhia telefônica terá de arcar com as implicações do ato. Muitas operadoras em especial as celulares, que usam esse instrumento para compensar os subsídios que concedem para compra de aparelhos fazem planos de fidelidade que estipulam multa se houver o cancelamento antes de um prazo determinado. Usuários inadimplentes não estão impedidos de migrar, mas a dívida continua valendo e deverá ser acertada com a operadora antiga.
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