Alternativa

Portabilidade dá trabalho, mas pode ajudar o devedor

A concorrência entre os bancos pode render taxas melhores na hora de pagar o que se deve por meio da portabilidade de uma dívida. "O banco não pode impedir nem cobrar a troca da dívida. Mas é algo que demanda tempo e pesquisa do devedor", explica o professor de administração financeira Samir Bazzi, do FAE Centro Universitário. Ele alerta que o cliente também não é obrigado a contratar serviço adicional no novo banco. "É comum que as instituições ofereçam planos de previdência, seguros e outros serviços aos novos clientes, mas não é uma condição para a portabilidade."

Para ver se a portabilidade da dívida é o melhor a se fazer, é preciso solicitar ao banco todas as informações sobre a dívida em andamento, como o valor, as prestações faltantes e os juros cobrados. É preciso atentar ao Custo Efetivo Total (CET), que aponta o real valor da dívida, para além dos juros, e que poderá servir de parâmetro para comparar com outras instituições financeiras.

O banco para onde o débito pode ser levado não é obrigado a aceitar a dívida. A instituição vai avaliar o perfil do devedor antes da transferência. "Por isso, é bom ficar muito atento para se certificar se realmente está sendo feito um bom negócio", diz Bazzi.

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Financiamento do carro ou atraso do condomínio? Mensalidade escolar ou cartão de crédito? Na tentativa de reorganizar as contas antes que o endividamento fuja do controle – ou mesmo depois disso –, é preciso elencar prioridades. O ideal é pagar antes as dívidas com juros mais caros, como o cartão de crédito, mas sem esquecer daquelas que criam sanções e cortes de serviços, caso das contas de luz e água.

De acordo com especialistas, o cartão e o cheque especial merecem atenção especial. "Em seis meses, uma dívida de cartão de crédito dobra de tamanho. São os maiores juros do mercado. É preferível deixar de pagar outra conta a ficar devendo mais um mês de fatura", recomenda Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor de estudos econômicos da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).

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Outras contas indispensáveis, como água e luz, não devem ser esquecidas, sob risco de corte dos serviços. "Em geral essas dívidas são menores e mais tranquilas de contornar", diz Oliveira.

Condomínio atrasado e licenciamento do veículo são outras dívidas que podem acarretar grandes problemas. Nesses casos, é preciso avaliar os prazos de execução da dívida e as condições contratuais. "São dívidas arriscadas, mas contornáveis. Condomínio atrasado pode acarretar no pagamento com o próprio imóvel. Só que existe um prazo relativamente grande para a execução da dívida e ela pode ser contornada amigavelmente na maior parte das vezes", explica o advogado Fernando Scalzilli, da Associação dos Direitos do Cidadão e do Consumidor Pró-Consumer. Em último caso, o bem pode ser tomado do inadimplente.

O mesmo pode ocorrer a quem atrasar o pagamento da prestação do carro e da casa própria. Se o devedor ainda não tiver seu nome incluído no cadastro de maus pagadores do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) ou Serasa, é válido recorrer a um empréstimo direto ao consumidor, que têm juros menores que maior parte dos financiamentos e dívidas. "Se for possível, não há problemas em se endividar novamente, desde que trocando uma dívida mais cara por outra mais barata", explica Samir Bazzi, professor de Administração Financeira do FAE Centro Universitário.

Dívidas contornáveis

Algumas pendências são mais fáceis de contornar. "A mensalidade escolar, por exemplo, é uma conta que, em casos extremos, pode ser adiada. Ela só não pode extrapolar o ano letivo, sob risco de a matrícula ser negada", esclarece Miguel Ribeiro de Oliveira, da Anefac. Crediários de eletrônicos, em geral, também são dívidas com multas tradicionalmente baixas – e dificilmente os bens serão exigidos de volta pelo credor.

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"Quando a situação estiver complicada, com muitas dívidas diferentes, o ideal é discutir alternativas com quem você deve. O credor prefere discutir uma melhor saída a levar um calote", orienta o gerente regional da Caixa Econômica Federal no Paraná, Paulo de Tarso Rodrigues.