A expectativa de crescimento de 12% na construção civil de Londrina provocou um gargalo na economia do município: sobram empregos e falta mão de obra qualificada. Para garantir a entrega de imóveis nos prazos estabelecidos, empresários do setor estão tendo de encontrar alternativas. Alguns vão buscar pedreiros, marceneiros e outros funcionários em cidades distantes de Londrina, enquanto outros contratam mulheres para assumir os postos de trabalho antes ocupados por homens. O objetivo é manter o setor aquecido. "Estamos retomando um boom. E a gente não consegue contratar mão de obra qualificada. Temos muitas dificuldades", avalia o diretor da Labor Trabalho Temporário, Silvio Lopes. De acordo com ele, projetos do programa Minha Casa, Minha Vida e lançamentos de construtoras da cidade aqueceram o mercado em Londrina. "Esse é o grande gargalo. Você não acha um pedreiro desempregado. Se tivesse mais gente, contratava mais", afirma. O setor sente falta sobretudo de pedreiros, carpinteiros e serventes de obra, eletricistas, encanadores e azulejistas.
Embora tenha iniciado o trabalho com mulheres há dois anos, foi no primeiro semestre de 2010 que a construtora A. Yoshii ampliou a contratação de pessoas do sexo feminino. "Elas fazem rejuntamento de azulejo e limpeza de apartamentos. Aí liberamos os homens para serviços mais pesados", explica o diretor de Recursos Humanos da empresa, Aparecido Siqueira. Segundo ele, todas passam por treinamento antes de iniciar o trabalho. "Elas executam o serviço de modo satisfatório", destacou.
Foi uma oportunidade assim que Márcia Cristina Moreira da Silva, 40 anos, aproveitou. Trabalhando como empregada doméstica há três anos, ela resolveu mudar de carreira. O marido, que é pedreiro na empresa, foi quem a indicou para o emprego novo. "O salário é melhor e tem muitos benefícios", conta. Ela foi contratada em maio deste ano para atuar na limpeza, mas já entrou na empresa fazendo rejunte de azulejos. "A gente faz a massa, assenta o azulejo e depois limpa. Temos de deixar o apartamento impecável", descreve. Antes feito por homens, o trabalho foi sendo conquistado por Márcia. "No começo dá muita vergonha, mas a gente vai se igualando. Agora a gente trabalha lado a lado."