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Mulheres mais pobres têm menos participação no mercado de trabalho

Um retrato do mercado de trabalho na região metropolitana de São Paulo mostra que as mulheres mais pobres e com filhos pequenos têm a pior remuneração, os empregos com a menor jornada média de trabalho e piores condições na aposentadoria. Isso tudo, claro, quando elas conseguem conciliar a vida doméstica com a profissional e conquistam um posto de trabalho, algo mais difícil, visto que o tempo de desemprego dessas mães é maior que o dos homens.

Essas conclusões estão presentes em um estudo realizado pela Fundação Seade para entender o efeito das atividades de cuidados da casa e da família na vida profissional feminina. O boletim 1ª Análise 21 analisa os dados da Pesquisa Emprego e Desemprego (PED), elaborada pelo Seade-Dieese, e mostra que "as mulheres mais pobres sofrem maiores constrangimentos para sua participação no mercado de trabalho", do ponto de vista da renda média familiar per capita real e da existência de filhos na família.

O levantamento da Seade leva em conta os dados de 2012. Naquele ano, mais da metade (53,7%) das mulheres inativas com filhos de até 12 anos pertencia ao grupo familiar com a menor renda per capita (R$ 221). O grupo com maior renda (R$ 2.730 per capita) respondia por 8% do total de inativas com filhos de até 12 anos. Uma das explicações possíveis e consideradas pela Fundação Seade é a probabilidade de as mulheres nos estratos superiores contarem com alguma retaguarda, como empregada doméstica e creche. "Algumas mulheres argumentam que não estão no mercado de trabalho porque não têm quem cuide dos filhos e/ou devido aos afazeres domésticos", escrevem os pesquisadores da fundação.

Em 2012, as trabalhadoras ocupadas estavam majoritariamente inseridas no setor de serviços (70,5%) e, 25% daquelas pertencentes às famílias mais pobres tinham menor grau de formalização (37,6%) do que os homens (55,4%) nessa mesma condição social. Quase 30% dessas mulheres pobres estavam inseridas como empregadas domésticas.

Quando ocupadas formal ou informalmente, as mulheres não conseguiam jornadas completas nem iguais às dos homens. Na média geral, elas conseguiam trabalhar 38 horas por semana. Os homens, 43 horas. Segundo a renda familiar per capita, as mulheres pertencentes ao grupo das 25% mais pobres realizavam a menor jornada (36 horas), sendo sete horas a menos que a dos homens dessa mesma classe de renda. Já as 25% mais ricas possuíam a menor diferença (quatro horas) em relação à jornada dos homens do mesmo nível de renda.

Sobre a jornada de trabalho, os pesquisadores da Fundação Seade observam: "Como ter filhos na família implica cuidados familiares, muito provavelmente, também, por isso as mulheres realizam uma jornada remunerada inferior à dos homens, os quais, por sua vez, como não são exigidos culturalmente a cumprir tais responsabilidades, estão mais disponíveis para o trabalho remunerado".

O levantamento também constatou que os rendimentos das mulheres em famílias que não tinham filhos (R$ 1.666) ou possuíam filhos maiores de 12 anos (R$ 1.395) eram superiores ao daquelas pertencentes a famílias com filho de até 12 anos (R$ 1.254).

Além disso, o tempo de desemprego para as mulheres com filhos pequenos é seis meses maior que o dos homens. Quando elas não cuidam de crianças que exigem acompanhamento permanente, a procura por uma nova colocação profissional é igual entre homens e mulheres.

Mesmo depois de encerrada a vida profissional, as mulheres que acumulam atividades remuneradas com as domésticas e familiares enfrentam outras desvantagens em relação aos homens. A pesquisa constatou que, em grande parte, elas se aposentam em menor proporção e com valor inferior do benefício que os homens.

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