Uma manifestação contra a exploração do gás de folhelho (também conhecido como gás de xisto) na Região Oeste do Paraná levou uma multidão às ruas de Toledo, ontem à tarde. O ato teve apoio de entidades da sociedade civil contrários ao método de extração do gás conhecido como fracking ou fraturamento hidráulico. Segundo eles, a técnica é altamente danosa ao meio ambiente por usar produtos químicos injetados no solo para provocar explosões nas rochas e liberar o gás. Há estudos que ligam esse tipo de procedimento a abalos sísmicos.
A exploração foi autorizada pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) no ano passado por meio de um leilão. Um consórcio formado pela Copel e as empresas Petra, Bayar e Tucumann arrematou quatro blocos na porção oriental da Bacia do Paraná. Já o bloco 297, que fica em Toledo, ficou com a Petrobras.
O Ministério do Meio Ambiente (e não a Petrobras, como informado pela Gazeta do Povo anteriormente)* enviou aos organizadores da manifestação um documento com mais de 50 páginas detalhando todos os procedimentos da extração de gás. O documento traz um parecer técnico do Ibama sobre os impactos ambientais do fracking e reconhece que há registros de abalos sísmicos que teriam sido provocados pelo método utilizado. O Ibama recomendou uma "discussão clara e abrangente por parte dos diversos segmentos da sociedade brasileira com relação a essa tecnologia."
O italiano Nino Granata, que vive em Toledo há 12 anos, disse que em seu país houve exploração por meio de fraturamento hidráulico e as consequências foram desagradáveis, com a contaminação de lençóis de água. "Falaram que era uma coisa boa para a economia, para o país, mas no final a grande tecnologia foi um erro humano e quem pagou foi o povo."
Em nota, a Copel informou que não empregará o fracking nos blocos sob sua concessão "sem que as consequências ambientais sejam exaustivamente avaliadas".
* Informação corrigida às 15h40 de 04/06/2014.