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Fundos de investimento

Multimercado deixa de ser atraente

Confira a captação líquida, por categoria, no mês de janeiro |
Confira a captação líquida, por categoria, no mês de janeiro (Foto: )

Os fundos multimercado foram os tipos de investimento que mais perderam investidores no mês de janeiro, de acordo com o boletim mensal divulgado pela Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid), apresentando captação líquida negativa de R$ 9 bilhões. Na avaliação da professora Ana Paula Mussi Cherobim, do Departamento de Administração da Universidade Federal do Paraná (UFPR), essa captação negativa está relacionada ao temor dos investidores em relação à conjuntura econômica atual. "Em momento de crise, existe um fenômeno de ‘fuga para a qualidade’, deixando as aplicações de maior risco para as de menor risco, como os fundos de renda fixa".

Para Henrique Teixeira Álvares, membro da Comissão de Administração de Recursos de Terceiros da Anbid, no período anterior à crise, o desenvolvimento da economia fazia com que a expectativa de retorno fosse o critério primordial para os investidores, deixando outros fatores – como o risco – em um plano secundário. No entanto, depois do início da crise, o risco passou a ser o critério mais importante. "Foi um movimento pendular, mas a tendência é que esses fatores se equilibrem", analisa.

Álvares explica que fazer uma análise genérica desse tipo de fundo é uma tarefa complexa, pois a ampla liberdade de ação do gestor é justamente a principal característica dos fundos multimercado. Nessa modalidade, o gestor busca retorno financeiro alocando os recursos em diversas classes de ativos, como dólar, títulos de dívidas, juros e até outros fundos, podendo ou não investir também em ações, dependendo da modalidade (leia mais no box ao lado). Com base na diversificação, o objetivo é conseguir um retorno maior do que os obtidos em alternativas conservadoras, mas sem excesso de risco. "Por isso, é preciso estudar os fundos caso a caso e escolher com muito critério o gestor de investimentos", diz Álvares. Ele explica que os fundos multimercado são geralmente usados por investidores estrangeiros, empresas, fundos de pensão e pessoas físicas com alto de patrimônio e alta renda. "Para ter sucesso, o investidor deve ter um patrimônio capaz de abarcar uma maior diversificação e conhecer muito bem o fundo", diz.

Para Andre Hayashi, professor de mercado financeiro do FAE Centro Universitário, investidores menores também podem pensar em fundos multimercado. Ele sugere um raciocínio prático: se um investidor tem uma renda mensal de R$ 3 mil, deve guardar aproximadamente seis meses de salário em um fundo conservador para segurança – no exemplo, R$ 18 mil. Se tiver mais do que isso para investir, pode separar algo como R$ 5 mil para começar a aplicar em fundos multimercado. O professor Hayashi dá outra dica: ter cuidado com as taxas de administração. Como esse tipo de fundo requer uma postura bastante ativa por parte dos gestores, as taxas variam muito, de 0,1% até 6%.

Alexandre Silvério, superintendente de gestão de fundos do Banco Santander, considera que, mesmo após um 2008 difícil – com baixas performances de retorno – os fundos multimercado representam uma boa opção para os investidores em 2009. Principalmente aqueles que, no longo prazo, querem um retorno maior do que os fundos de renda fixa, mas ainda temem voltar ao mercado de ações. "Na prática, o resultado depende muito do gestor escolhido", diz Silvério. "É importante observar quais são as políticas de controle de risco da instituição", analisa.

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