Rio A expressão "sexo virtual" ganhou uma nova conotação. Não se refere mais só a sites de encontros ou sites eróticos ou pornográficos. Agora a vez é a dos mundos e jogos virtuais centrados no sexo. Já existem alguns funcionando nos Estados Unidos, como o Sociolotron, o Jewel of Indra e o Red Light Center. Também está chegando o Naughty America. A maioria é paga através de assinaturas mensais. E todos eles, sem exceção são voltados para maiores de 18 ou 21 anos, pedindo que o usuário confirme ser maior de idade antes de entrar no site.
Em essência, os mundos virtuais eróticos são como qualquer outro mundo virtual: gráficos 2D ou 3D, chats, eventos e locais temáticos. Mas eles não poderiam ser mais diferentes entre si. O Jewel of Indra, por exemplo, segue o estilo universo paralelo. Na verdade, é uma comunidade de chat em três dimensões. O Jewel deixa bem claro que não é um game. Os muitos avatares (como são conhecidos os alter-egos virtuais) são bonitos. Há várias áreas para encontros virtuais, casas 3D, música "climática", filmes (adultos, obviamente) e até dinheiro virtual, chamado Community Credits. As áreas são separadas por categoria. Há regiões para nudistas, heteros, gays e lésbicas, e até para os amantes do "sexo gótico", seja lá o que for isso. Existem eventos de vários tipos jogos, festas online, caçadas (como pequenos RPGs dentro do mundo virtual), palestras... O Jewel tem ainda a vantagem de apresentar chat falado (usando a tecnologia TTS text to speech), e o personagem pode escolher sua própria voz.
Já o Sociolotron é bem mais barra-pesada. Trata-se de um RPG para adultos que querem viver suas fantasias ao máximo. Não se trata só de matar monstros (embora eles existam no game), mas de se misturar com avatares de outras pessoas e até mesmo constituir famílias virtuais. Mas há o "lado negro da Força" nesse game, que permite coisas como prisões, chantagens, perversões e até assassinatos. E aí o avatar "morre" mesmo, sem a chance de ressurreição como em outros RPGs. Mas os personagem podem ter filhos que sejam seus herdeiros em caso de morte permanente. O game aborda assuntos complicadíssimos como intolerância religiosa e racial, drogas e prostituição. Não poderia ser mais politicamente incorreto.
Outro mundo do sexo é o Red Light Center, onde os avatares são especialmente voluptuosos. A questão é: enquanto permanece virtual, as pessoas realmente conseguem tirar prazer do sexo? Fizemos a pergunta ao psicanalista Alberto Goldin. "O mundo da fantasia está se tornando mais real, mais concreto", diz Goldin. "A fantasia solitária era como um filme subjetivo na nossa cabeça, mas a internet faz com que esse sonho se realize numa mente virtual à nossa frente." Goldin explica que até agora a fantasia delirante solitária era vista como um tipo de psicose.
"É um universo irreal em que a pessoa fala e responde a si mesma, numa estrutura de um delírio paranóico. Só há um produtor aí, ninguém mais interage. Com a internet, o delírio pode ser compartilhado. Serão então os grupos todos delirantes? E com essa mudança como fica o diagnóstico da psicopatologia? Sem dúvida, é um problema para psicanalistas e sociólogos... Porque as situações objetivas nesses mundos já não se encaixam na definição tradicional de delírio."
Para a sexóloga Regina Navarro Lins, as pessoas ainda não concebem direito a idéia do cibersexo, mas isso vai mudar. "Não se pode comparar esse sexo virtual com o sexo real. É um tipo diferente de relação". Regina vaticina que estamos entrando numa nova fase da história da humanidade, em que o virtual vai invadir de vez nossas vidas, e a cabeça das novas gerações vai acompanhar isso.