O mutuário que for financiar a casa própria com o crédito consignado poderá escolher o banco para fazer o empréstimo. O trabalhador não será obrigado a financiar o imóvel no banco em que recebe o salário. Segundo analistas do setor, os bancos vão disputar os clientes por meio de convênios com empresas, sindicatos e repartições públicas.
- A possibilidade de o comprador poder escolher o banco é uma forma de garantir a competição entre os bancos e ajudar na redução das taxas de juros - afirma o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Paulo Safady Simão.
O superintendente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Carlos Eduardo Fleury, diz que o consignado só é vantajoso se o mutuário tiver condições de optar pelo banco em que pretende fazer o empréstimo.
- Os bancos terão que fazer convênios com as empresas para oferecer o crédito consignado. Não há nada que determine que seja obrigatório o banco com o qual a empresa já opera a folha de pagamento. Se fosse assim, quem recebe por um banco que não tem crédito imobiliário estaria impedido de se beneficiar desse financiamento - destaca Fleury.
A grande dúvida em relação ao consignado para a habitação se refere à garantia da operação, em caso de demissão do trabalhador da iniciativa privada.
- Por isso seria mais interessante lançar essa modalidade de crédito para os servidores públicos, que já têm a estabilidade, para depois estender para a iniciativa privada - argumenta o presidente do Secovi-SP, Romeu Chap Chap.
A criação de um seguro-desemprego, para reduzir o risco de inadimplência, seria uma alternativa para que os bancos possam oferecer o consignado para trabalhadores com carteira assinada, segundo o vice-presidente do Secovi-SP, Lair Krähenbühl.
- Sem algum tipo de seguro ou garantia a operação fica praticamente inviável - explica.
Já para Carlos Eduardo Fleury, da Abecip, o próprio imóvel, como ocorre hoje, já é a garantia da operação.
- Não há necessidade de se criar um seguro - explica Fleury.
O diretor de crédito imobiliário da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) e vice-presidente da Abecip, Natalino Gazonato, lembra que já há instituições de olho no crédito consignado para trabalhadores com registro em carteira.
Como o financiamento habitacional é de longo prazo de até 20 anos , o crédito consignado poderia ser concedido em período menor.
- Dependendo da categoria ou empresa conveniada, o consignado pode ser de cinco anos, por exemplo. Depois de encerrado o prazo para descontar as parcelas em folha, o comprador poderia pagar as prestações por meio de boleto bancário - afirma Gazonato.
O pacote da habitação, que deverá incluir o fim da Taxa Referencial (TR) na correção dos contratos, deverá ser anunciado nesta semana.