Em março, atividade cresceu em 9 de 14 locais
A produção industrial cresceu em nove dos 14 locais (13 estados mais a Região Nordeste) pesquisados pelo IBGE na passagem de fevereiro para março. Na média nacional, a atividade recuou 0,5%, muito influenciada pelas baixas em São Paulo (-0,5%) e Minas Gerais (-0,7%). Também produziram menos Santa Catarina (-0,7%), Bahia (-1,3%) e Região Nordeste (-0,5%).
Além do Paraná, com 9,8%, a indústria cresceu em Goiás (6,7%), Amazonas (6,5%), Rio Grande do Sul (2,6%), Rio de Janeiro (2,5%), Ceará (1,9%), Pará (0,9%), Pernambuco (0,4%) e Espírito Santo (0,3%).
No primeiro trimestre de 2012, a produção nacional caiu 3%, influenciada por retrações em oito locais: Rio de Janeiro (-6,8%), São Paulo (-6,2%), Santa Catarina (-5,9%), Ceará (-4,3%), Espírito Santo (-2,4%), Amazonas (-2%), Minas Gerais (-1,4%) e Pará (-1,2%).
Nesses locais, o menor dinamismo foi influenciado, segundo a pesquisa do IBGE, por fatores relacionados à redução na fabricação de bens de consumo duráveis automóveis, motocicletas, aparelhos de ar condicionado e telefones celulares e de bens de capital, especialmente caminhões, além da menor produção das indústrias extrativa (minério de ferro), têxtil, de vestuário e de metalurgia básica.
Na outra ponta da tabela, Goiás (18,8%), Bahia (8,0%) e Paraná (7,4%) registraram os maiores avanços no período. Enquanto o destaque paranaense foi o segmento de livros e impressos didáticos, a indústria goiana foi impulsionada pela produção de medicamentos e a baiana, por resinas termoplásticas.
Ajuste
"Encalhe" força pausa no expediente das montadoras de carros
Renyere Trovão
A indústria automobilística brasileira encerrou abril com estoques suficientes para 43 dias de vendas. É o maior nível desde novembro de 2008, no início da crise global, quando o encalhe nas fábricas e lojas foi o equivalente a 56 dias de vendas. Com isso, algumas marcas adotaram medidas que permitem reduzir a produção. A Volkswagen cancelou ontem a produção de carros nas fábricas de São Bernardo do Campo e Taubaté, ambas no estado de São Paulo. Há rumores de que a empresa adotará jornada de quatro dias e também cortará dois sábados extras no mês de maio informações não confirmadas pela Volks.
A Fiat cogitou, mas não levará adiante, a concessão de férias coletivas a 2 mil operários em Betim (MG). Com 800 unidades produzidas ao dia, a unidade da GM de São José dos Campos vai no caminho inverso: negocia um terceiro turno. A MAN, de caminhões, estuda parar por 15 dias em junho. A Scania negocia paradas, em datas não definidas. Na Ford, a produção foi paralisada e retornará na semana que vem ainda neste ano, cada operário ficará 40 dias em casa. A Mercedes-Benz, por sua vez, colocou 480 trabalhadores em licença remunerada por 30 dias.
Descompasso
A produção e o faturamento da indústria paranaense estão em descompasso. Os números divulgados ontem pelo IBGE mostram, sem deixar dúvidas, que a indústria está produzindo mais que no começo de 2011. No entanto, sondagem da Fiep divulgada no início da semana que também deu a entender que o ritmo de trabalho está mais forte neste ano revelou que as vendas do setor ainda patinam: recuaram 0,7% no primeiro trimestre.
Depois de começar o ano com dois meses seguidos de retração, a indústria do Paraná voltou a elevar sua produção e com força no mês de março, refletindo principalmente a recuperação da indústria de veículos automotores e a expansão do setor gráfico. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção da indústria paranaense cresceu 9,8% em relação a fevereiro, o maior aumento do país nesse tipo de comparação.
Apesar da base de comparação fraca, o crescimento da indústria paranaense manteve o estado "descolado" da produção nacional, que recuou 0,5% na passagem de fevereiro para março. Aliás, em todos os comparativos o Paraná segue com indicadores bastante positivos, enquanto a indústria brasileira derrapa.
No confronto com março do ano passado, o setor cresceu 15% no Paraná e encolheu 2,1% no Brasil. No acumulado do primeiro trimestre, a produção estadual foi 7,4% superior à do mesmo período de 2011, ao passo que a nacional diminuiu 3%. No acumulado de 12 meses, o Paraná registra avanço de 7,7% e o país, um recuo de 1,1%.
O principal impacto positivo para o crescimento da produção em março veio do ramo de edição e impressão, com alta de 89,2% sobre o mesmo mês de 2011. Segundo o IBGE, ele foi "impulsionado não só pela maior fabricação de livros, brochuras e impressos didáticos, mas também pela baixa base de comparação, uma vez que a atividade registrou recuo de 49,5% em março de 2011". Também tiveram forte influência os avanços em veículos automotores (14%) e combustíveis (17,7%) esse último é outro que se beneficiou da fraca base de comparação, uma vez que sua produção havia encolhido 18% em março de 2011.
Para André Macedo, gerente da pesquisa industrial do IBGE, apesar da base de comparação enfraquecida em alguns casos, a indústria paranaense está de fato na contramão da nacional. "Há um quadro de menor ritmo na indústria brasileira e o Paraná segue descolado, com alta na produção da indústria como um todo", avalia Macedo. O setor de máquinas, aparelhos e materiais elétricos é um dos que ilustram esse "descolamento": na comparação com março de 2011, sua produção caiu 10,8% no Brasil, mas cresceu 8% no Paraná.
De acordo com Gilmar Mendes Lourenço, diretor-presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), a economia paranaense vinha sofrendo com os impactos da estiagem na produção agroindustrial e das férias coletivas concedidas por empresas do ramo metal-mecânico no início do ano. "Passada a fase de ajuste aos efeitos da contração do crescimento da economia brasileira, a indústria paranaense começou a emitir claros sinais de ingresso em uma fase de forte recuperação em março", ressaltou Lourenço, em nota divulgada à imprensa.
A indústria de alimentos, que tem o maior peso no índice geral do Paraná e cresceu 4,5% no trimestre, é um dos ramos que colabora para o bom resultado do estado. "A agricultura influencia diretamente a indústria de alimentos e indiretamente a produção de caminhões, por exemplo", explica Roberto Zurcher, economista da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep). "Esperamos que a quebra de safra em algumas regiões do estado não tenha um efeito muito negativo e também que os estímulos que o governo deu à indústria se reflitam no Paraná, especialmente no segundo semestre."
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