Após Turquia, África do Sul e Índia anunciarem aumento nos juros para conter a desvalorização de suas respectivas moedas, a Rússia sinalizou nesta quarta-feira que não pretende adotar a mesma estratégia. O ministro das Finanças do país, Anton Siluanov, afirmou que uma elevação das taxas não está nos planos da equipe econômica, mesmo com o declínio de 6,2% do rublo contra o dólar, pior performance depois do peso argentino. Nesta quarta-feira, um dólar é negociado a 35,16 rublos, cotação 15% menor que há um ano.
Perguntado se a Rússia pretendia seguir a estratégia de aperto monetário para evitar o derretimento da moeda, Siluanov limitou-se a responder: "não". Sobre as perspectivas para o rublo, o ministro foi sucinto: "Espero que após a desvalorização que aconteceu, as coisas voltem ao normal".
A última forte desvalorização da divisa russa ocorreu em 2009, um ano após a eclosão da crise financeira global. Na época, o banco central gastou mais de US$ 100 bilhões para conter o declínio, mas acabou desistindo, permitindo que a moeda perdesse valor frente ao dólar gradualmente.
Segundo integrantes da equipe econômica russa ouvidos pela agência Bloomberg, o banco central está relutante em elevar juros, para não afetar a economia local. Funcionários dizem que o enfraquecimento do rublo é resultado do encolhimento do superávit em conta corrente, com o impacto amplificado pela fuga generalizada do risco de mercados emergentes. "Não é o rublo que está desvalorizando, mas o dólar e o euro que estão ficando mais caros", afirmou a presidente do banco central russo Elvira Nabiullina em um programa de TV na segunda-feira.
Independentemente das causas do enfraquecimento da divisa local, russos já começam a sentir na pele o impacto do desequilíbrio cambial. Uma porta-voz do Sterbank, maior banco do país, afirmou que há registro de aumento da demanda por empréstimos em moeda estrangeira. No mercado imobiliário, a aversão ao rublo também é tendência, segundo Daria Grishina, chefe de financiamento imobiliário na agência da Penny Lane em Moscou: "Mais e mais proprietários preferem definir preços para seus apartamentos em dólar, em vez de rublo."
Para analistas, o rublo deve continuar a derreter lentamente este ano, porém com ritmo menor em relação aos anotes anteriores. "Um rublo mais fraco age como um útil absorvedor de choque - afirmou Ivan Tchakarov, economista do Citibank em Moscou.
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