
História
Meticuloso, casal não tem pressa para elevar produção
Ambrósio e Justina Fardo são gaúchos, ele de Farroupilha, ela de Encantado. Chegaram ao Paraná na mesma época, durante o inverno de 1975. Em 37 anos de casados, trabalharam com movelaria e, antes da viticultura, comandaram a Colorfix, empresa pioneira na pigmentação de plásticos.
Dedicados à vinícola, prezam pela produção meticulosa do vinho para saborear, em edições elaboradas uma a uma. Tanto que Justina quer encontrar um parceiro comercial que compartilhe das preocupações com a qualidade do produto final. "Quero que o consumidor tenha o mesmo vinho que sai daqui, com o mesmo sabor, garantido pela condições ideais de produção e armazenagem", diz. A adega, assim como as demais instalações da vinícola, foi construída em pedra basalto, trazida do Rio Grande do Sul, e formatada de acordo com a inspiração que tiveram durante uma viagem à Itália.
Mas os Fardo trouxeram do país de seus ascendentes mais que o modelo arquitetônico do empreendimento. Eles também cultivam o mesmo clima romântico, da produção doméstica e limitada à região em que vivem, tal e qual as famílias tradicionais da região da Toscana, por exemplo. A capacidade de 100 mil litros mês de vinho não deve ser alcançada tão cedo. "Não temos a intenção de expandir. Quero primeiro vender o que temos aqui", diz Justina.
Além da loja no local, poucos pontos de venda estão sendo negociados na região. Uma das maneiras mais divulgadas para venda dos vinhos Fardo são as sessões de degustação, agendadas de segunda a sábado, para grupos entre dez e 20 pessoas. Durante duas ou três horas, os participantes degustam a produção, acompanhados por queijos, salames e pão, enquanto aprendem mais sobre o processo desenvolvido no local. O programa custa R$ 60 por pessoa e é a realização do sonho de Ambrósio: servir vinhos para serem saboreados.
A vinícola da Família Fardo fica na BR-116, km 69, em Palmitalzinho, distrito de Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba. Os mais apressados na estrada correm o risco de perder a entrada de cascalho que dá acesso à construção de pedra, o abrigo da produção de Justina e Ambrósio Fardo. Melhor tirar o pé do acelerador quando passar pela região. A parada vai surpreender o visitante.
SLIDESHOW: Veja fotos da vinícola da Família Fardo
O único aspecto que pode ser considerado caseiro nos vinhos finos produzidos pelos Fardo é a quantidade: 30 mil garrafas por ano. No mais, todo o processo é profissional. Aos poucos, o casal constrói a história da vinícola, instalada em uma região sem tradição no segmento, mais concentrado em Colombo, São José dos Pinhais e Campo Largo. O trabalho começou em 2008, com a instalação das pipas da família de Ambrósio, trazidas do Rio Grande do Sul, após a morte do irmão, viticultor que também tirava garrafas para consumo próprio. A primeira safra chegou ao mercado neste ano.
Apesar da tradição familiar na produção de vinho, iniciada pelo avô Domingo Fardo, fundador de uma cooperativa vinícola no Rio Grande do Sul na década de 1940, Ambrósio não sabia nada da atividade. Para realizar o sonho de fazer "um vinho para ser saboreado", investiu na contratação de consultorias especializadas, que até hoje ajudam na elaboração de cada nova variedade. A profissionalização acompanhou o ritmo da produção: pipas de inox, um enólogo próprio, a construção da adega e a abertura da loja no local, em meados de 2014. "A cada nova etapa, um novo aprendizado. Fomos construindo conforme nossas necessidades de crescimento, para passar à próxima fase", explica Justina.
Para se dedicar aos vinhos, Ambrósio transferiu para os três filhos a administração de sua outra empresa, uma indústria de pigmentação de plástico, e assumiu a rotina da vinícola junto com a esposa. Os dois compartilham todas as tarefas, desde a escolha dos fornecedores das uvas, compradas de produtores de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, até os processos de filtragem, envase e armazenamento. A próxima etapa, de distribuição e venda, está sendo criteriosamente estudada pela dupla.
Nenhum detalhe escapa aos olhos atentos dos viticultores. Justina se orgulha da primeira produção da família, um Bordô de 2008, que acabou comprovando a qualidade para vinho de guarda, com laudo em laboratório. "Esse tipo de vinho é jovem, para ser consumido em até dois anos. Mas nosso produto mostrou que pode ser aberto mais tarde, com a mesma qualidade, pois já tem mais de cinco anos e não perdeu suas caraterísticas", diz.
O vinho que Ambrósio mais gosta de produzir é o Cabernet Sauvignon. Na linha Casa, a Família Fardo tem também as variedades Tannat e Merlot. A vinícola ainda tem a grapa, destilado derivado da casca da uva, e espumantes brut e moscatel, produzidos sob encomenda para o rótulo de Quatro Barras. O próximo a ser lançado no mercado será a linha Encontro, de edição limitada a 2,5 mil garrafas, elaborado a partir da mistura de três varietais: 50% Sauvignon, 30% Merlot e 20% Tannat.
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