Compensação
Consumidor prejudicado pode procurar direitos na Justiça
Clientes que tiveram prejuízo e penaram com prazos não cumpridos por operadoras podem buscar compensação pela Justiça. A ação é cada vez mais comum, diz Andressa Jarletti de Oliveira, presidente da Comissão de Direito do Consumidor da OAB-PR. É preciso reunir provas como números de protocolo de atendimento e testemunhas.
Pessoas físicas podem buscar juizados especiais para pleitear indenizações de até 20 salários mínimos sem advogado. A exceção são empresas, que buscam a Justiça comum. Os prejuízos delas, porém, podem ser maiores do que de clientes comuns.
Dona de mercearia no bairro Mossunguê, Maria Aparecida Francisquetti, 39 anos, ficou desde o início de junho sem poder aceitar cartão de crédito, após um corte na linha. "Só consegui depois do último dia 16, quando vieram instalar a máquina sem fio. Na quinta-feira (17), liguei para a Oi pedindo para cortar o telefone, mas me ofereceram um plano melhor e disseram que o técnico viria em 48 horas. Até agora [ontem], não veio ninguém", conta.
A Copel reitera que manutenções fazem parte do sistema e o religamento é de responsabilidade das empresas. A prefeitura de Curitiba afirma que avisa comerciantes e moradores das regiões que serão alvo de fiscalização. As próximas serão na Avenida das Torres, em agosto.
Decisão
Resolução vai estipular regras para aluguel de postes
O compartilhamento de postes gera tanta polêmica no Brasil que as reguladoras Anatel, de telecomunicações, e Aneel, de energia, pretendem votar resolução conjunta sobre o assunto em setembro. O principal problema são os preços cobrados por concessionárias, que variam de R$ 2 a R$ 15 por ponto. Além disso, a concorrência acirrada nos setores de telecomunicação e de internet geram reclamações sobre privilégios para clientes antigos. Há ainda empresas que mantém pontos inativos para impedir competição nos grandes centros.
Até agora, o texto estipula um valor de referência para o aluguel, de R$ 2,44, para tentar solucionar embates. A decisão desagrada empresas, que queriam esse valor pré-fixado. "Como todos pagam mais caro, tudo vai virar conflito. Vai abarrotar a arbitragem das reguladoras e a Justiça", diz Basílio Perez, da Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint).
Em relação a questionamentos sobre as ações nos postes de Curitiba terem ocorrido na sequência da criação da Copel Telecomunicações, a distribuidora garante que age com "isonomia", diz José Zancanella, gestor do compartilhamento de postes na companhia. "A Copel cobra de R$ 2,46 a R$ 4,60 e a Telecom paga o mesmo preço das outras".
Moradores do Paraná que têm sofrido com cortes inesperados no telefone fixo, TV a cabo ou internet podem estar no meio de um fogo cruzado. A batalha pela regularização do uso compartilhado de postes, movida pela concessionária de energia elétrica Copel, ajudou a somar desde o ano passado R$ 2,3 milhões em multas para empresas de telecomunicação e internet R$ 1,7 milhão apenas no primeiro semestre de 2014, um recorde.
Na maioria dos casos, as multas da Copel se referiram a atrasos no religamento dos serviços de telecomunicações, seja por causa da fiscalização ou de obras, como troca de postes. Em quantidade menor, foram multadas também empresas que não tinham alvará ou projetos de engenharia para o uso de postes elétricos. A situação se acirra em Curitiba, onde a distribuidora atua com a prefeitura, preocupada com o mau uso de postes de iluminação pública.
A conta maior da briga tem ficado com os consumidores. Em regiões de Curitiba em que ocorreram fiscalização ou obras da distribuidora, há clientes que ficaram cerca de um mês sem serviços. A dona de casa Maria Lucia Villella, 56 anos, que mora no bairro Mossunguê, na capital, passou 26 dias sem telefone fixo entre junho e julho. Ficou sabendo pela TV que a Oi estava demorando para restabelecer cabos após uma troca de postes na região. "Falavam que mandariam um técnico em 48 horas, o que nunca ocorria. E nunca deram satisfação", diz.
Entre as empresas multadas estão cinco teles (Oi, GVT, Embratel, Net e TVA, a Vivo Net) e seis provedores de internet. Como o contrato de aluguel de postes prevê confidencialidade, a Copel não divulgou o valor de cada multa, mas adiantou que GVT, Embratel e Net já pagaram. Para multar, a distribuidora se sustentou nas punições previstas nos contratos de aluguel dos pontos nos postes. De acordo com o contrato, operadoras têm de 15 a 30 dias para restabelecer serviços interrompidos.
Limpeza visual
As notificações por atrasos aumentaram assim que começaram as operações para mapear fiação irregular e o esforço de manutenção do sistema antes da Copa do Mundo. Na capital, a Copel foi pressionada pela prefeitura a resolver cabeamentos que ofereciam risco a pedestres ou poluição visual. Cerca de 80 postes clandestinos foram retirados após decreto municipal que tirou das empresas o direito à propriedade de cabos e postes, em 2013. Até a Copel Distribuidora e a Copel Telecomunicações foram multadas pelo município.
A partir daí, a distribuidora repassou a dor de cabeça às locatárias dos postes. "Temos os contratos que dizem que, por força de lei, a responsabilidade por manter os cabos em ordem é das operadoras", explica José Zancanella, gestor do compartilhamento de postes na Copel. "Elas cobram isso do cliente e não executam, não fazem a manutenção necessária."
O outro lado
Consultadas pela Gazeta do Povo, Vivo Net, GVT, RDS Bortoluzzi e Horizons garantiram que a multa da Copel nada teve a ver com interrupção de serviços. Sem citar multa, a Embratel disse que religamentos dependem da autorização da distribuidora, e que busca solucionar problemas imediatamente. A Oi que também não citou multa, cujo prazo de pagamento já expirou, segundo a Copel diz que investiu R$ 65 milhões na rede paranaense no primeiro trimestre. InfoServic e BR Fibra não comentaram o assunto. A Level 3 negou que tivesse sido multada, mas a Copel reitera a notificação. Net, VESX e Thielke não se manifestaram até ontem, fechamento desta edição. Nesta quarta-feira, a Net informou que coopera com a Prefeitura (assim como GVT e Embratel) em projetos de organização da fiação da Prefeitura e afirmou que não teve problemas para atender aos prazos do contrato da Copel.
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