No Dia da Terra, líderes de 171 países começaram a assinar o Acordo de Paris em Nova York nesta sexta (22), num avanço que pode fazer o pacto sobre mudanças climáticas entrar em vigor anos antes do previsto.
O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, uniu-se a dezenas de líderes mundiais para a cerimônia de assinatura, que representa um recorde para a diplomacia internacional: nunca antes tantos países assinaram um acordo no primeiro dia disponível para isso. Os Estados que não o fizerem hoje têm até um ano para assiná-lo.
“Estamos em uma corrida contra o tempo”, disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, na reunião. “A era do consumo sem consequências acabou.”
Muitos agora esperam que o acordo entre em vigor bem antes do prazo original de 2020. Alguns dizem que isso poderia acontecer até neste ano.
Depois de assinar, os países devem formalmente aprovar o Acordo de Paris por meio de procedimentos domésticos.
A ONU afirmou que 15 países, vários deles pequenos Estados insulares sob ameaça de aumento dos níveis do mar, estão fazendo isso nesta sexta ao apresentar seus instrumentos de ratificação.
A China, o principal emissor de carbono do mundo, anunciou que “finalizará os procedimentos domésticos” para ratificar o Acordo de Paris antes da cúpula do G20 na China, em setembro. Ban imediatamente elogiou a promessa.
Os EUA também disseram ter a intenção de ratificar o acordo neste ano. O mundo observa com ansiedade: analistas afirmam que, se o acordo entrar em vigor antes de o presidente Barack Obama deixar o poder em janeiro, seria mais complicado para seu sucessor reverter a medida porque seriam necessários quatro anos, sob as regras do pacto, para adotar tal iniciativa.
O acordo passará a vigorar assim que 55 países, representando ao menos 55% das emissões globais, formalmente aderirem a ele.
Maros Sefcovic, o chefe de energia de outro grande emissor, o bloco de 28 nações da União Europeia (UE), disse que a UE quer estar na “primeira leva” de países ratificadores.
O presidente francês, François Hollande, o primeiro a assinar o pacto, disse nesta sexta que pedirá ao Parlamento para ratificá-lo até o verão (junho a setembro no Hemisfério Norte). O ministro do Ambiente da França é o encarregado das negociações globais.
“Não há como retroceder agora”, disse Hollande.
Entre os países que ainda não indicaram que assinariam o acordo nesta sexta estão alguns dos maiores produtores de petróleo do mundo, incluindo a Arábia Saudita, o Iraque, a Nigéria e o Casaquistão, informou o Instituto de Recursos Mundial.
O Acordo de Paris, a resposta mundial às temperaturas em ascensão, ao aumento dos níveis dos mares e a outros impactos da mudança climática, foi alcançado em dezembro e visto como um grande avanço nas negociações do clima da ONU, que, durante anos, caminharam lentamente por causa de disputas entre os países ricos e pobres sobre quais responsabilidades cabia a cada um dos grupos.
Sob o acordo, os países estabelecem suas próprias metas para a redução de emissões de dióxido de carbono e de outros gases do efeito estufa. As metas não são legalmente vinculantes (de implementação obrigatória), mas os países devem atualizá-las a cada cinco anos.