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Crise na zona do euro

Na Suíça, Henrique Meirelles diz que Europa corre o risco de segunda recessão

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, admitiu que há risco de a Europa cair novamente num quadro de recessão, ao sair de uma reunião do G-14, que reúne os principais banco centrais do mundo rico e emergentes, na sede do Banco de Compensações Internacionais (BCI). Ele disse, entretanto, que o BC brasileiro trabalha com o cenário mais otimista: de que a consolidação fiscal que está sendo iniciada neste domingo (27) por vários países europeus levantará o continente da crise.

A Europa é um dos principais parceiros do Brasil e alguns analistas temem que a crise na zona do euro, que está endividada, se aprofunde e acabe contagiando outros países, inclusive emergentes.

"A hipótese básica de trabalho do BC do Brasil não é a de uma segunda recessão. Agora, existe o risco que isso possa vir à acontecer, não só pela questão fiscal, mas por eventual risco pelos bancos", afirmou Meirelles.

A fragilidade dos bancos é uma das principais preocupações de bancos centrais reunidos na Basiléia na sede do BIS que é uma espécie de banco central dos bancos centrais. Analistas temem que que a situação precária de vários bancos, se não for sanada, poderá levar a uma recaída das economias dos países ricos - isto é, a uma nova crise. Até a recuperação americana, que acaba de ser revisada para baixo - de 2.7% no primeiro trimestre - é considerada relativamente fraca para um país que mergulhou numa profunda recessão.

Os mercados continuam voláteis. O ajuste fiscal dos europeus é outra fonte de incerteza. Se, de um lado, ela é necessária para sanar os desequilíbrios na zona do euro e reconquistar a confiança dos mercados, de outro, corte drástico de despesas, como anunciaram Alemanha e outros países, no momento em que o continente está saindo de uma recessão, pode fazer a Europa mergulhar novamente na recessão.

Meirelles diz que este cenário pessimista não leva em conta que o ajuste fiscal poderá ser compensado por um "maior apetite por investimento " e consumo, alimentados por maior confiança no futuro da economia européia. "Que existe um certo nível de incerteza, existe", frisou.

Na reunião do G-14, banco centrais concordaram que as instituições financeiras que não cumprirem as futuras exigências de capital - pilar da reforma do sistema financeiro que está sendo desenhada agora - sofrerão restrições na distribuição de dividendos "e até nos limites de compensação a seus executivos". Os BCs concordam que bancos e outras instituições financeiras terão que cumprir três exigências: um capital mínimo (hoje de 8%), um "colchão" de capital e outro de liquidez. Ou seja, terão que aumentar os ativos líquidos nos momentos de expansão.

Estas exigências deverão causar ajuste brutal no capital dos bancos nos EUA e na Europa, que resistem às mudanças. Mas falta definir o principal: o capital "mínimo", a meta para o colchão adicional e o que pode ser considerado ativo líquido.

Meirelles expôs que bancos e instituições financeiras do Brasil estão bem hoje em quase todos estes critérios. Por exemplo: o capital mínimo dos bancos no país atingiu hoje 18% - bem acima dos 8% exigidos pelas regras da Basiléia. Os depósitos compulsórios, por outro lado, formam um "colchão" líquido.

Outro ponto importante que está em aberto, segundo Meirelles: qual o critério que vai definir o que é um banco grande demais para quebrar? A queda do Lemhan Brothers, nos EUA, que marcou o início da maior crise financeira desde 1929, mostrou que certas instituições financeiras, se quebrarem, arrastam todo o sistema finaceiro para o colapso.

Há consenso, por exemplo, de que as exigências de capital para grandes bancos que não podem quebrar vão ter que ser maiores. A questão é definir quais bancos se enquadram no critério.

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