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Abrir uma franquia está cada vez fácil para quem não tem experiência em negócios e dispõe de uma reserva financeira limitada. Com a crise no Brasil, as franqueadoras estão flexibilizando as operações e oferecendo modelos de baixíssimo custo, com investimento inicial de R$ 650 a R$ 20 mil: as nanofranquias. Na maioria delas, o empreendedor trabalha de casa — ou seja, não tem ponto comercial — e utiliza recursos tecnológicos para aumentar a produtividade e conquistar clientes.

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O Grupo Petra Gold, de serviços financeiros, é uma das empresas a entrar no mercado de nanofranquias. A companhia vai lançar a GoldPlus em setembro, durante a Expo Franchising ABF Rio, no Rio de Janeiro, com um investimento inicial promocional de R$ 650. Em outubro, o valor sobe para R$ 890. Além do aporte principal, há 3% ao mês de royalties e 5% ao mês de taxa de marketing.

De acordo com Marco Macedo, diretor de operações do Grupo Petra Gold, a franquia consiste em uma plataforma para o franqueado vender serviços financeiros do grupo, como máquina de cartão de crédito e débito, conta digital, seguros, assistência funeral, automotiva, residencial e empresarial.

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“Queremos dar mais acesso [econômico] à população com uma franquia de baixo custo. Os únicos investimentos necessários são em tecnologia e marketing”, afirma o executivo, que atua no mercado financeiro há mais de 20 anos.

A rentabilidade, por outro lado, pode ser obtida de duas maneiras: com 20% de comissão pela venda e pagamento mensal de serviços financeiros e 50% de retribuição sobre o valor de venda de franquias Gold Plus.

E para as futuras empresas registrarem bons resultados em meio à crise do país, a franqueadora investe na qualificação dos empreendedores. “Separamos 70 vídeos com treinamentos em vendas, política financeira e administração”, diz o diretor, que espera vender cinco mil franquias até o final do ano.

Modelo não é reconhecido pela ABF

Apesar de as nanofranquias estarem em alta no mercado de franchising há, pelo menos, dois anos, a Associação Brasileira de Franchising (ABF) não reconhece o termo e insere essas empresas no grupo de microfranquias — com investimento inicial de até R$ 90 mil.

Dados da associação apontam que as microfranquias, em geral, cresceram 8% de 2017 para 2018 em número de redes, passando de 545 para 589. As marcas com investimento inicial inferior a R$ 20 mil, por sua vez, costumam estar associadas a uma operação mais simples, que não exigem estoque e equipe, e com tecnologia agregada.

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“Há muitas redes de prestação de serviços ou de representação comercial, além de operações home office, virtual ou de venda direta”, lista Adriana Auriemo, diretora de microfranquias da ABF.

Dado os riscos do negócio, Adriana destaca que o empreendedor deve analisar e comparar as marcas com bastante rigor, ainda que algumas franquias tenham custo inicial atrativo: “é necessário fazer uma pesquisa profunda sobre o mercado alvo e a rede em si, a partir de várias fontes. Não é porque uma franquia tem um investimento baixo que o suporte deve ser menor”, pondera.

Especialista em franquias, Leonardo Cubiça concorda com Adriana e acrescenta: “o franqueado não pode tomar como ponto de partida uma boa apresentação ou um bom preço. Ele precisa entender o que está por trás do que está contratando. Caso contrário, pode entrar em um colapso financeiro”, destaca.

Leonardo, que é diretor de franquias do Damásio Educacional, afirma que as nanofranquias foram criadas pelas empresas como um apelo de expansão em época de crise. “A ideia está mais ligada a uma estratégia comercial. Se isso é saudável, só o tempo vai dizer”, reforça.

Franquias para todos os gostos

Para facilitar a entrada de novos franqueados, Wilberto Filho, master franqueado da Freewet, de limpeza automotiva, criou três modelos distintos de franquia: no “nano”, o investimento inicial é de R$ 2.990 e o empreendedor realiza apenas serviços de limpeza automotiva a seco na casa do cliente. No “nano”, a entrada é de R$ 4.990 e o franqueado também pode oferecer estética automotiva, como cristalização, delivery. Por fim, o “box” demanda um aporte de R$ 29.990 e exige uma loja estilo box. “Procuramos oferecer o menor valor de franquia do segmento para facilitar a entrada de empreendedores e a oferta de serviço aos nossos clientes”, garante o empresário.

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Existe, contudo, uma contradição na adesão dos empresários aos modelos da rede: o mais barato não é o mais contratado. A Freewet possui 100 franquias no país, 60 delas do tipo “nano” e 10, do “light”. “A diferença de investimento entre os padrões é pequena, mas a rentabilidade do mediano é bem maior. Por este motivo, as pessoas preferem fazer um esforço financeiro para garantir uma rentabilidade maior”, explica.

Enquanto o modelo mais barato gera um retorno médio de R$ 7 mil mensais, o “light” promete um faturamento médio de R$ 17.300 por mês, por conta dos serviços de alto valor agregado. “O ‘box’ dá o retorno mais alto [R$ 74 mil], mas tem foco em quem já atua com negócios porque também acumula custos mais altos, como salário de equipe e aluguel de ponto comercial”, conclui Wilberto.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]