Um dos três paranaenses no ministério da presidente Dilma Rousseff (os outros são a sua esposa, Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, e Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência), Paulo Bernardo tem recebido críticas nos últimos dias. Ele e os colegas são acusados de não defender a inclusão de obras que beneficiem o estado no recém-lançado programa de concessões. Na entrevista, ele fala um pouco sobre as escolhas técnicas do governo.
Por que o Paraná ficou fora do pacote de concessões em obras consideradas prioritárias para o estado?
Não acho que o Paraná ficou de fora. Tem duas ferrovias, que vão parar em vários lugares do estado. Elas servirão para transportar bens e mercadorias do estado. Rodovias do Paraná para pedagiar, quase não tem mais, já estão todas concedidas. Temos mais de R$ 2 bilhões do orçamento federal para investimentos que estão sendo feitos na rede rodoviária do estado. Vamos ser francos, já tem pedágio demais no Paraná. Nós estamos aguardando, por exemplo, o desfecho dessa negociação que o governo do estado está fazendo com as concessionárias de rodovias porque há uma expectativa que diminua o preço de pedágio.
Como foi feita a escolha das obras rodoviárias e ferroviárias contempladas pelo pacote de concessões?
Foram escolhidas obras para reforçar ou construir novos corredores de escoamento para atender as regiões Centro-Oeste, Leste, Norte e Nordeste, e os estados da Bahia, Minas Gerais e Tocantins. Isso tudo conectado aos portos, porque vai sair o plano de investimentos dos portos, que está integrado com este. Por exemplo: se fizer a ferrovia de Maracaju a Paranaguá será necessário fazer ampliações no porto de Paranaguá, porque é bem possível que o porto não comporte todo o movimento.
Os novos trechos de ferrovias serão construídos em bitolas largas e a maior parte da malha ferroviária brasileira é em bitolas métricas, incluindo todos os trechos ferroviários do Paraná. Porque a escolha de um padrão incompatível com o que já existe?
Essa bitola métrica é do século 19. Essas ferrovias foram construídas até 1930, é uma tecnologia ferroviária de 100 anos atrás. O que estamos fazendo hoje é uma ferrovia que aliando a bitola larga, com trajetos retos mais retilíneos, que permitirão ao trem trafegar a uma velocidade de até 120 quilômetros por hora. Sem contar que pode ter composições maiores barateando o frete. São ferrovias mais modernas. Teremos de trocar a bitola da ferrovia se não teremos problemas de gargalos.
Seria possível fazer um sistema misto, que permitisse integração com trechos de diferentes bitolas?
Tecnicamente você pode colocar até vagãos que trafeguem nas duas. Nada impede que o operador que queira passar de uma ferrovia para outra possa colocar um vagão que seja conversível para as duas bitolas. O Paraná será contemplado nos próximos pacotes de portos e aeroportos?
Não tenho essa informação. Não estou trabalhando nessa questão.