Em alta por conta do recrudescimento da crise europeia, a valorização do dólar - que chegou a R$ 2 - não equaciona o problema da competitividade das exportações de produtos industriais brasileiros, segundo o presidente da AEB (Associação Brasileira de Comércio Exterior), José Augusto de Castro.

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"Não dá para comemorar ainda. Não sabemos ainda se o dólar a R$ 2 vai se transformar num novo patamar", disse o executivo, que participou ontem da 24ª edição do Fórum Nacional, no Rio.

Para Castro, o "câmbio de equilíbrio" é de R$ 2,20. Nesse nível, diz, o país retomaria o espaço perdido nos mercados internacionais. Um exemplo, afirma, seria a maior penetração de produtos brasileiros de ramos como autopeças, têxteis e calçados em países como os EUA -que já foi destino de 25% das exportações brasileiras há uma década e hoje absorve cerca de 10%.

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Segundo o presidente da AEB, o dólar na casa dos R$ 2 "é virtual", já que reflete apenas uma piora das expectativas e das incertezas em relação à crise da Europa e um eventual calote da Grécia.

O presidente da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), Humberto Barbato, disse, porém, que a ação constante do governo para "enxugar o excesso" de moeda estrangeira no mercado tem surtido efeito e ajuda a melhorar a competitividade da indústria, permitindo um melhor equilíbrio entre produção e consumo.

O executivo afirmou, entretanto, que o "câmbio de equilíbrio" está entre R$ 2,10 e R$ 2,20. Barbato disse que a valorização do real não vai resultar em inflação mais alta porque muitos produtos com cotações internacionais que poderiam ser afetados estão em queda no mercado externo.

O executivo elogiou ainda as medidas do governo Dilma Rousseff no âmbito da política industrial, como a desoneração da folha de pagamento para alguns setores e o barateamento do crédito estatal. "Em oito anos, o governo Lula não fez nada. Lançou dois planos [de estímulo ao investimento e à indústria] que não tiveram eficácia nenhuma. A Dilma foca setor a setor."

Já o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Robson Andrade, criticou a elevada carga tributária e o "engessamento" do orçamento dos governos, que obriga Estados e União a aumentarem impostos. "A única saída é cortar gastos. Sem isso, não vamos a lugar nenhum."

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