Alfredo Benatto, de Curitiba: pesquisa de preços e especificações técnicas| Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo

Típico

Dos alimentos ao carro, exigente sempre

Vasculhar rótulos de alimentos é rotina essencial para as compras do médico veterinário Alfredo Benatto, de 58 anos. Ele usa o que aprendeu na profissão – é fiscal da Vigilância Sanitária do Paraná – e em leituras para escolher o que de melhor há no supermercado. Dia desses, chegou a pedir que funcionários de um mercado arrumassem as caixas de morango de uma gôndola em que estavam misturados bandejas de frutas orgânicas e comuns.

A compra do carro também exigiu procura intensa. "Pesquisamos muito os preços, as especificações técnicas e o gasto de combustível", conta ele, que é casado e tem três filhos. Ele também opta sempre por bens duráveis ao comprar eletrodomésticos. Palestrante, Benatto mantém um blog em que fala sobre escolhas saudáveis na alimentação e faz parte da Associação dos Consumidores de Produtos Orgânicos do Estado.

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Boca a boca

Maioria dos curitibanos não faz propaganda negativa das empresas

Quando estão insatisfeitos com algum produto ou serviço, os consumidores de Curitiba preferem a reclamação direta ao boca a boca negativo. Mais de 60% dos entrevistados disseram reclamar para o vendedor, proprietário ou, então, no site da loja – contra 12% que fazem propaganda negativa.

O levantamento mostra também que a prática do boca a boca negativo é menor entre os consumidores mais escolarizados. Dos entrevistados com ensino fundamental, 17,8% reclamam para outras pessoas. Esse porcentual cai para 10,4% e 9,5% entre quem tem ensino médio e ensino superior, respectivamente.

Por outro lado, a satisfação faz com que 61,2% dos consumidores da capital espalhem informações positivas sobre produtos, marcas e empresas. Para o restante dos 38,8% entrevistados, a fidelização é a forma de demonstrar a aprovação. "Essa fidelização, no entanto, não significa exclusividade ou a limitação a outros produtos e marcas", diz Fábio Araújo, do iBRAIN. De forma geral, os consumidores curitibanos são pouco fieis às marcas, aponta a pesquisa. O apego ocorre mais com eletrodomésticos, eletrônicos e restaurantes.

95% dos curitibanos visitam mais de uma concessionária, fazem test drive e estudam formas de financiamento na hora de comprar um carro.

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Se um produto ou serviço tem a aprovação dos curitibanos, é muito provável que ele seja aceito em todo o país. A ideia que virou clichê no ambiente empresarial e publicitário se sustenta em uma verdade: o consumidor de Curitiba é mais exigente e cauteloso na hora de gastar seu dinheiro. É o que revela uma pesquisa realizada pela consultoria iBRAIN Inteligência de Mercado e Pesquisa Estratégica. O levantamento ouviu 500 pessoas e traça um perfil do consumidor de Curitiba, cuja exigência deu fama de cidade teste à capital.

INFOGRÁFICO: Veja o perfil dos consumidores

Segundo a pesquisa, 83% dos entrevistados disseram ter um comportamento de compras mais controlado. Esse cuidado evidencia a exigência dos curitibanos ao adquirir um produto ou serviço – mais de 80% dos consumidores no varejo fazem orçamentos e procuram tirar todas as dúvidas antes de comprar. Outros 62% consultam jornais, revistas e publicações especializadas e 56% fazem consultas a familiares e amigos.

Perfis

O levantamento mostra que mais da metade das pessoas ouvidas pelo iBRAIN se diz cautelosa e racional. Por outro lado, um percentual significativo (23,2%) acredita que o comportamento de compra depende da situação. Apenas 12,7% se autodenominam consumidores compulsivos e impulsivos.

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Segundo Fábio Tadeu Araújo, sócio da iBRAIN e coordenador da pesquisa, esses perfis de consumidores foram encontrados em todas as classes sociais, com pequena variações em relação às faixas de renda. Os mais ricos, por exemplo, tendem a ser naturalmente mais impulsivos – em ambos os casos, quanto maior o preço do produto, mais o nível de exigência dos consumidores. "A diferença está mais no preço dos produtos que os consumidores vão comprar do que no nível de cautela e exigência, que é semelhante entre as faixas de renda", diz.

O perfil exigente dos consumidores, tanto em relação aos produtos como na questão da qualidade do atendimento, deu a Curitiba a fama de cidade teste. Para Murilo Jovtei, diretor da Go4! Consultoria de Negócios, não é à toa que muitas empresas buscam a capital para começar seus negócios.

Internacional

Um levantamento da consultoria mostra que, nos últimos cinco anos, 17 empresas internacionais se instalaram em Curitiba.

Dessas, oito escolheram a capital paranaense para inaugurar sua operação no Brasil. De acordo com o levantamento, mais de 10% das lojas dos shoppings de Curitiba são internacionais. Isso sem contar o recém-inaugurado Pátio Batel, que não fez parte do levantamento, mas vai abrigar 54 operações inéditas em Curitiba e algumas na Região Sul. "As marcas internacionais antecessoras que abriram suas lojas em Curitiba permaneceram aqui. De 2007 para cá, nenhuma delas deixou a cidade", diz Jovtei.

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