O ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega avalia que os desafios da nova equipe econômica são “gigantescos” e o maior deles é no campo fiscal, especialmente no trabalho de redução da relação entre a dívida pública e Produto Interno Bruto (PIB). Nesse sentido, ele acredita que a nova equipe econômica não tem como fugir de aumentar impostos, além de diminuir incentivos fiscais.
“Por mais desagradável que isso seja, por ruim que seja a CPMF, sem ela fica pior. Acredito que o governo aumentará a alíquota da Cide [o imposto dos combustíveis]. Nesse caso, há duas vantagens: a elevação pode ser feita por decreto e há efeitos colaterais positivos porque estimula a expansão do agronegócio e a redução de combustíveis fósseis, ajudando o meio ambiente”, afirma.
O ex-ministro ainda avaliou que o governo Temer passará um “pente fino” em alguns programas, embora o efeito disso seja muito pequeno. Ele citou como exemplo o fechamento de embaixadas, intenção do novo ministro das Relações Exteriores (MRE), José Serra.
Sobre a redução de incentivos fiscais, Nóbrega disse que há muita ilusão sobre esse tema. “O governo tentará reduzir ao máximo esses incentivos, mas grande parte deles está assegurada por contrato e não dá para fazer mudança unilateral”, disse.
O ex-ministro lembrou que as ações citadas podem não ser implementadas, já que ainda não houve de fato anúncio de medidas. “Acho que Henrique Meirelles está certo em não anunciar medidas. É preciso fazer um diagnóstico, olhar quais são as alternativas, onde pode cortar, com mínimo custo colateral, sempre lembrando que a margem de manobra é muito pequena”, destacou.
Batalha ganha
Porém, Maílson declarou que a primeira batalha do novo governo já está ganha: é a de reverter expectativas ruins. “A expectativa mudou para melhor: as pessoas estão acreditando que agora temos uma gestão muito séria na Fazenda, que acabaram as pedaladas, a contabilidade criativa, que a área econômica tem rumo que pode até não ser materializado por questões políticas, mas seguramente é melhor para o país e agora vai depender mais da habilidade política”, enumerou. “Tem que abrir a economia e não é preciso uma reforma constitucional: é uma questão de decisão.”
O ex-ministro elogiou o presidente em exercício, afirmando que Michel Temer tem a vantagem de ser o primeiro presidente do Brasil com experiência em articulação política e no funcionamento do Congresso. “Há um otimismo excessivo de que Temer vai conseguir aprovar todas as reformas na Câmara. Mas tem uma chance de aprovar pelo menos a reforma da Previdência”, declarou. Ele aconselhou Temer a esquecer as demais reformas, já que seria “mexer em vespeiros”. “Melhor deixar para um governo com propostas de mudanças nessas respectivas áreas”, disse.
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