O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira (13) que não existe "nenhum sinal até agora" de que sejam necessárias "medidas drásticas" no Brasil contra a crise financeira mundial. Em viagem à Espanha, ele voltou a afirmar que as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) não serão paralisadas e que o país corre menos risco que outros de ser afetado pela crise.
O presidente também disse considerar corretas as atitudes de países que estão comprando ações de bancos em risco ao invés de simplesmente injetar dinheiro e foi questionado se o governo brasileiro também poderia fazer isso.
"Se tiver um banco [no Brasil] em uma situação que avaliarmos que precisa [de ajuda], primeiro, vamos fomentar um outro banco a comprar a carteira desse banco, como Banco do Brasil já comprou três e tem disponibilidade de comprar mais. Se for necessário, faremos um redesconto via Banco Central", respondeu.
O presidente defendeu que seja criada uma "sala de situação" para monitorar o comportamento das bolsas no mundo inteiro e também uma agência de classificação de risco.
"Acho que o Brasil deveria criar uma dessas empresas que medem a situação econômica de cada país, sobretudo essas empresas que medem o risco do Brasil. Até agora eu não vi ninguém comentar o risco dos Estados Unidos e de vez em quando aumentam o risco do Brasil. Ou seja, eles quebram, fazem jogatina, causam prejuízo enorme e aumentam o risco do Brasil, quando deveriam aumentar o risco dos Estados Unidos", argumentou. "Quebradeira"
Mais uma vez, o presidente defendeu uma regulamentação maior para o sistema financeiro mundial, principalmente para evitar a especulação. "É o cidadão que dá o papel para outro, que passa para o outro, que passa para o outro, não gera um pão, não gera um grão de feijão, não gera uma peça de automóvel, não gera absolutamente nada e gera uma quebradeira como essa que gerou agora", disse. Lula também criticou os limites de empréstimos de bancos e disse que o sistema financeiro "tem que dar um passo apenas do tamanho da perna". "Como é que pode um banco emprestar aquilo que não tem? Como pode um banco de investimento nos Estados Unidos alavancar até 35 vezes o seu patrimônio liquido quando no Brasil alavancamos apenas dez e eu acho que é muito."