No dia em que o Banco Central (BC) divulgou relatório mostrando que as instituições financeiras já estão prevendo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) abaixo de 3% este ano , o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, afirmou que o país não pode se render às "soluções fáceis" e a "fantasias".
Meirelles criticou a "visão de que tudo está errado", dizendo que alguém tem que fazer o trabalho "difícil e doloroso'' de colocar o país em ordem e prepará-lo para o crescimento econômico. A exemplo do presidente Lula, Meirelles usou analogias com o futebol e comparou o trabalho do banco ao de um goleiro que evita o gol do time adversário.
- Esse goleiro tem o melhor desempenho possível. O problema é que, toda vez que ele defende um chute contra o gol dele, é cobrado também porque não sai da sua área e vai marcar um gol pelo seu time - disse Meirelles.
Inflação controlada
Meirelles disse ainda que a base para uma expansão maior está dada: a inflação controlada.
Após ouvir reclamações de industriais e do ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues durante um evento de líderes empresariais em São Paulo, Meirelles respondeu que o governo adota políticas que combinam o interesse geral do país com interesses de cada setor da economia, e não apenas de cada produtor.
- O Brasil tem que fazer um trabalho grande e importante para crescer, mas não há soluções mágicas nem medidas artificiais para isso - disse ele.
Levantamento semanal divulgado nesta manhã pelo BC mostrou que o mercado reduziu a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2,97% este ano, contra projeção anterior de 3%. Em termos de inflação, a previsão para o indicador oficial em 2006 também cedeu, de 4,14% para 4,12%.
- Para que o juro continue caindo é importante que a inflação fique consistentemente na meta. Sendo mais previsíveis (no controle da inflação), poderemos ter aumento de investimentos e, com essas conquistas, teremos condições de discutir as grandes questões do que se pode fazer para que o Brasil cresça mais - afirmou Meirelles.
O juro básico brasileiro (a taxa Selic) vem sofrendo reduções pela autoridade monetária desde setembro de 2005 e atualmente está em 13,75% ao ano.
O presidente do BC disse que, também no câmbio, não se deve adotar medidas artificiais e que o real valorizado tem dois lados: é bom para o consumidor de produtos importados e não tão positivo para os exportadores.
- Para o país é importante que o câmbio flutue bem, que o mercado funcione bem e que o governo não tente medidas artificiais ou mágicas - reiterou.