Cemitério Memorial Graciosa, em Quatro Barras. Jazigos podem ser parcelados em até 36 vezes, sem entrada| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Alternativa

Os serviços gratuitos e como consegui-los

Como nem todos podem pagar o preço de funerárias e cemitérios, a Prefeitura de Curitiba oferece serviços gratuitos para a população. No pacote, estão um tipo de caixão simples, de compensado de madeira, além do funeral sem luxos. Basta que a família se declare incapacitada de arcar com os serviços, diz Patrícia Rocha Carneiro, diretora do departamento de Serviços Especiais da Prefeitura. O sepultamento é encaminhado em um dos lotes gratuitos reservados no Cemitério Municipal São Francisco de Paula, no bairro São Francisco. Mais informações pelo (41) 3324-9313. Em Pinhais, a população tem a possibilidade de obter cremação gratuita.

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Funerárias diversificam para não ficarem presas à tabela

Na intenção de diversificar a tabela da Prefeitura de Curitiba, funerárias da RMC começaram a oferecer serviços pouco comuns para agregar extras ao serviço. A principal empresa a apostar nisso é a Funerária Vaticano -- que faz parte de um grupo que detém ainda um crematório e está prestes a inaugurar um cemitério em Curitiba. A empresa oferece de revoada de pombos a diamantes feitos a partir das cinzas da cremação. A história dos pombos veio por acaso, conta Mylena Cooper, sócia-diretora do Crematório Vaticano. "Meu avô tinha uma criação de pombos-correios. Depois que ele ficou idoso, pensamos no que fazer com a criação e veio a ideia de oferecer o serviço. Cerca de cem pombos percorrem cinco voltas em torno do velório antes e voltar para as gaiolas", explica.A empresa oferece ainda chuva de pétalas de rosas -- até de helicóptero. E, recentemente, decidiu tornar mais acessível um serviço heterodoxo que tem boa procura: o tal diamante. Com lapidação comum e 0,25 de ponto, é possível garantir o diamante feito de cinzas na Suíça por R$ 8 mil. Faz sucesso entre filhos e viúvas, diz Mylena. Já o envio de cinzas para o espaço sideral ainda não encontrou clientes. O serviço é terceirizado pela Nasa e começou a ser oferecido em Curitiba neste ano

Crematório Vaticano: chuva de pétalas é extra

Trata-se de um mercado silencioso, não muito afeito à pesquisa de preços, mas que exige muito cuidado para não estourar o orçamento de quem precisa dele, assim, de uma hora para outra. Na Grande Curitiba, a reportagem da Gazeta do Povo encontrou uma diferença de até 470% entre itens básicos – jazigos e taxa de manutenção anual do cemitério, por exemplo –, sem contar os extras. De flores a mais à revoada de pombos, a criatividade das empresas do ramo, a maioria de caráter familiar, vai longe.

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INFOGRÁFICO: Veja os preços oferecidos pelas funerárias

Em Curitiba, os custos de caixões e serviços funerários seguem oficialmente uma tabela estabelecida pela Prefeitura – que, aliás, subiu 16% em julho. São tabelados os preços de 14 caixões, além de serviços essenciais como o quilômetro rodado do traslado e a ornamentação dos caixões. Por outro lado, os cemitérios particulares (pelo menos 19 atuam na região) são o nicho mais livre do ramo fúnebre e, consequentemente, o mais diversificado. "É livre mercado completo", afirma Robson Posnik, presidente do Sindicato dos Cemitérios Particulares do Paraná (Sincepar).

Considerando a área padrão de um jazigo (2,05 de comprimento por 85 centímetros de largura), o custo do metro quadrado vai de R$ 4.017 a R$ 25.862 – segundo cálculo em cinco cemitérios particulares da região. O tamanho do lote onde o jazigo está instalado é que faz a maior diferença. É uma fator que entrega as diferenças sociais a um olhar mais atento. Há desde lotes estreitos – jazigos separados um do outro por centímetros –, até jardins privativos cercados de R$ 45 mil.

E não se gasta apenas na compra do lote: os cemitérios cobram uma taxa para a manutenção da área. É uma espécie de condomínio perpétuo que pode custar de R$ 240 a R$ 4 mil anuais. Aliás, os cemitérios cobram por serviços sobre os quais a maioria dos clientes só toma consciência na hora da compra. É o caso do sepultamento em si, que varia de R$ 430 a R$ 650; ou do custo de placas e lápides, um dos produtos cujo preço mais oscila.

Já os crematórios da região buscam quebrar os preconceitos da clientela com dois fatores: preço e serviços diferenciados. O Perpétuo Socorro, em Campo Lago, por exemplo, aposta em preço. A tabela é enxuta, mas atrativa: a cremação custa de R$ 1,5 mil a R$ 1,8 mil (este último inclui capela e cerimônia). As urnas para guardar as cinzas custam de R$ 50 a R$ 3 mil. "O objetivo do crematório, quando foi aberto, era popularizar a cremação, considerada coisa de rico", conta o administrador Édson Luiz Mattos.

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Nesse mercado, nem tudo pode ser parcelado

Alguns cemitérios topam negociar, mas não são todos – o mesmo ocorre com funerárias, escolhidas por sorteio para cada cliente. Boa parte das empresas afirmam não aceitar cartão de crédito. Ou seja, sepultar alguém na Grande Curitiba pede que a família tenha dinheiro em caixa disponível. Muitas famílias acabam se endividando, conta o diretor do Cemitério Parque Memorial Graciosa, Ermínio Malatesta.

"Costumamos falar que existem três perfis de clientes. Há os de classe alta, que passam um cheque e pagam de vez; a classe B, mais complicada para negociar porque estão sempre endividados; e a classe C, que fica perdida, precisa emprestar dinheiro, vender carro. Para eles, interessa muito o parcelamento", conta ele, que oferece jazigos em Quatro Barras em até 36 vezes, com entrada.

Financiamentos (sempre com entrada) têm sido um chamariz das empresas para não perder a clientela endividada. A maioria das negociações é de dez a 48 parcelas. O Cemitério Parque São Pedro, no Umbará, já chegou a aceitar 60 parcelas. O que impediu o negócio foi a inflação, conta o administrador Ronaldo Vanzo. "Tentamos deixar a parcela mais acessível, mas a inflação não ajudou. Como as parcelas do carnê são fixas, não dava para corrigir depois", afirma ele.

Locação

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Outro serviço que surgiu da necessidade da clientela foi o aluguel de jazigos. O sepultamento dura o tempo de três anos – o prazo de legislação da cidade para ocorrer a exumação do corpo. Findo o tempo, a família está comprometida a exumar o cadáver e armazenar os restos mortais em um ossuário. O aluguel custa cerca de R$ 1,5 mil; exumação e ossuário, de R$ 2,2 mil a R$ 3,3 mil. Mas nem todas as empresas aderiram ao serviço. "É comum as pessoas desaparecerem. Não pagam o aluguel nem removem o corpo", afirma Malatesta.