A Oi está no meio de um turbilhão. Acionistas da Portugal Telecom SGPS aprovaram a venda dos ativos portugueses da Oi para o grupo Altice, uma negociação que pode dar fôlego para uma oferta formal pela TIM, em conjunto com Claro e Telefônica Vivo. Ao mesmo tempo, a Oi ganhou um novo diretor presidente, Bayard Gontijo, que chegou à empresa em um período de mudanças. Em novembro, mais de 100 executivos foram demitidos e diretorias foram reorganizadas. As áreas voltadas para grandes corporações e pequenas e médias empresas foram reunidas em uma só diretoria, sob comando de Maurício Vergani, que assumiu como diretor de Negócios B2B da Oi. O executivo falou com a Gazeta do Povo sobre os planos da operadora para o mercado empresarial e a estratégia de apostar em serviços de Tecnologia da Informação (TI), aliados à atuação "tradicional" da companhia no setor de telefonia e conectividade.
O que muda a partir de agora com uma única diretoria reunindo os grandes e pequenos clientes? Vínhamos tratando esse mercado de pequena empresa da maneira tradicional, como outras operadoras tratam, mas percebemos que havia uma oportunidade diferente aí. Há quatro anos redesenhamos a estratégia para clientes corporativos, juntando telecom com serviços de TI. Pegamos conectividade, que é o negócio principal, e começamos a construir camadas em cima disso, oferecendo data center, infraestrutura na nuvem, plataformas e serviços. Fomos a primeira operadora que lançou um servidor virtual na nuvem e temos uma série de ferramentas de produtividade e gestão. No final do ano lançamos uma solução completa para home office, com infraestrutura, integração de plataformas e segurança de dados. Tudo isso vínhamos oferecendo para os clientes grandes. E agora queremos usar isso no mercado das pequenas e médias.
Os pequenos empresários estão abertos a essas tendências na área de TI? A receita mais modesta para investir nessas soluções não seria uma barreira? O cliente só paga efetivamente pelo que ele usa. Por exemplo, um empresário que tem uma loja e vê o servidor ficar no limite no fim do mês, quando o volume de vendas sobe. Ele pode comprar só oito horas de servidor. Essa facilidade de uso resolve a questão financeira. A barreira é o conhecimento. O nosso desafio é mostrar que ele pode ser mais produtivo, que pode ter uma ferramenta de gestão de frotas gastando pouco, por exemplo.
Essa nova atenção ao pequeno e médio empresário o equipara aos grandes clientes? Como nivelar esses diferentes perfis? Estamos trazendo para o atendimento do mercado de pequena e média padrões de atendimento de clientes corporativos. É óbvio que o nível de serviço não é o mesmo. Mas o padrão é. Para o cliente corporativo, eu tenho que retornar em quinze minutos. Para o pequeno, eu posso retornar em duas horas. Mas tenho que garantir que haja retorno. Porque para o pequeno empresário é muito mais crítico o serviço da gente. O grande tem outras alternativas, que o pequeno não tem.
A Oi parece fazer questão de se mostrar também como uma empresa de TI e focada no mercado corporativo, assim como outras empresas têm buscado novos segmentos de atuação e insistido que são mais do que simplesmente operadoras de telefonia. Esse tipo de posicionamento sinaliza para uma inversão de prioridades, ainda mais com a perda de receita com o ramo tradicional de telefonia? Temos muita clareza do que somos. A Oi é uma operadora de telecom, mas, para o mercado B2B, telecom vira muito rápido comunicação de dados. Hoje eu tenho um negócio de voz e um negócio de dados. Mas logo eu vou ter um negócio de dados, que vai passar voz lá dentro. Então, o nosso objetivo é ser líder em dados, fixo e móvel. E quando a gente entra nessa área de produtividade, eu estou fomentando a utilização de dados, que é o meu principal negócio. O nosso foco é esse. Não queremos brincar de ser uma empresa de TI. Empresa de TI é IBM, HP.
O uso da banda larga móvel explodiu nos últimos anos, com o 3G consolidado e o 4G começando a ganhar espaço. Quais são as oportunidades que esse cenário também traz para o mercado corporativo? Esse cenário tem dois lados. Quando você tem mais pessoas físicas usando um aplicativo de uma empresa, você tem que ter esta empresa mais preparada do outro lado. Este aplicativo está ligado a uma plataforma, que por sua vez está ligada a um data center, precisa de conectividade. Os bancos, por exemplo. Hoje, eu tenho três filhos na faixa dos 20 anos que nunca foram numa agência. O mais novo nem usa o computador para acessar a conta, só o celular. Então isso tudo demanda dos bancos uma outra infraestrutura, o que abre oportunidades para oferecer mais conectividade e segurança.
Na Oi , qual a fatia do mercado empresarial?
Representamos cerca de 30% do resultado da Oi. E o segmento corporativo, que integra as 5 mil maiores empresas, é o que mais cresce na empresa, de todos os segmentos.