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Moçambique

"Não quero que o Brasil seja pego de calças curtas", diz Lula sobre crise

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira (16) que está tomando medidas para evitar que o Brasil seja pego de "calças curtas" pela crise financeira internacional.

Em discurso para empresários brasileiros e moçambicanos, ele avaliou que o momento é de apreensão e que os países ricos vão entrar em recessão. "O momento de crise é de apreensão. Estamos olhando com lupa. Eu nunca conversei tanto com o ministro da Fazenda e o presidente do Banco Central como nos últimos 30 dias", disse.

"Não quero que o Brasil seja pego de calças curtas e não quero perder o patrimônio que nós conseguimos nos últimos anos", completou.

Lula criticou instituições e governos dos países desenvolvidos. "Cadê a solidez da economia americana? O infalível banco central americano, o infalível FMI (Fundo Monetário Internacional), o Banco Mundial e o Banco Central Europeu? Será que eles não sabiam que seus sistemas financeiros estavam envolvidos na maior agiotagem que o mundo conheceu?", questionou.

Em entrevista à imprensa antes do encerramento de um econtro empresarial, Lula disse que é preciso ter "tranqüilidade para tirar proveito dessa crise" e "saber que economia real não é uma roleta".

'Socializar o prejuízo'

O presidente disse que as decisões dos organismos financeiros internacionais só valiam quando se referiam a países em desenvolvimento. Ele destacou que a conta da crise tem que ser paga pelos ricos.

"Nós, que fomos muito castigados por dizer que éramos socialistas, estamos vendo agora os que privatizavam os lucros querendo socializar os prejuízos do sistema financeiro dos países ricos", disse.

Lula disse que o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, deve tomar as mesmas medidas do primeiro-ministro inglês Gordon Brown, que, ao invés de dar dinheiro aos bancos, está comprando as instituições. "Acho isso extraordinário. Acho que o Bush vai fazer a mesma coisa", disse.

Emergentes

Ao lado do presidente de Moçambique, Armando Guebuza, Lula defendeu maior entendimento das nações emergentes no atual cenário de crise.

"Está na hora de compreendermos que todos os países pobres e emergentes devem estabelecer uma nova lógica financeira e comercial no mundo. Não podemos mais seguir esse padrão viciado", afirmou.

Ele ainda arrancou risos da platéia ao dizer que todos, empresários e governos, deveriam ser como as mulheres, que não se abatem com uma gripe. "O homem, que parece ser o mais forte ser do mundo, quando tem uma gripe vai para a cama, fica amuado, e não há gripe que derruba uma mulher", disse.

Lula disse que o dinheiro que saiu do mercado e que irrigava a economia está "guardado debaixo do colchão de alguém". "Quem sabe tenha ido tudo para as Ilhas Cayman. Na Suíça não está, porque lá os bancos estão quebrando", afirmou.

PAC

No seu discurso, Lula destacou que não vai faltar dinheiro para ações do governo federal, especialmente para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "Eu não vou parar uma obra que estamos fazendo. O PAC não vai perder um centavo com essa crise", disse.

No jantar oferecido pelo presidente de Moçambique, Lula defendeu o comércio Sul-Sul como um "poderoso instrumento" para enfrentar turbulências e riscos de recessão nos países riscos.

"Precisamos ter nossas próprias respostas ao desenvolvimento", disse o presidente, que destacou o potencial do etanol e do biodiesel "para gerar segurança energética e renda e emprego no campo".

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