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Energia

Nasce uma nova Porto Velho

A usina de Santo Antônio está sendo construída no Rio Madeira, a sete quilômetros da capital da Rondônia | Divulgação
A usina de Santo Antônio está sendo construída no Rio Madeira, a sete quilômetros da capital da Rondônia (Foto: Divulgação)

Porto Velho - Em construção desde 2008, a usina hidrelétrica de Santo Antônio, no Rio Madeira, já modificou a paisagem de Porto Velho, tanto no aspecto urbanístico quanto na área social. A apenas sete quilômetros do centro da capital rondoniense, a obra, que custa cerca de R$ 15 bilhões, pode ser vista de vários pontos da cidade. No mesmo horizonte em que se avista a futura usina é possível ver dezenas de prédios em construção – até 2012 estão previstos 150 novos edifícios na cidade.

Essa enxurrada de investimentos privados soma-se às altas compensações que tanto a prefeitura da capital quanto o governo de Rondônia estão recebendo ou devem receber nos próximos anos. Com a chegada do empreendimento, que estará em pleno funcionamento em 2015, estima-se que a massa salarial vai movimentar ao longo desses anos R$ 1,5 bilhão. Com tanto dinheiro na cidade, a inflação na capital de Rondônia acaba pesando mais do que no restante do Brasil – um exemplo é o aluguel de uma casa de dois quartos, que pode chegar a R$ 2 mil por mês.

A capacidade de geração de energia de Santo Antônio será de 3.150 megawatts (MW), mas sua geração "firme" (assegurada) será de 2.218 MW médios, o equivalente a 4% do total produzido no país e suficiente para abastecer cerca de 7 milhões de pessoas. Junto com a usina de Jirau, que fica a 120 quilômetros do centro de Porto Velho e foi palco de violentos protestos de trabalhadores por melhores condições de trabalho, Santo Antônio vai agregar 8% à produção nacional. Apesar de a obra desta última ter ficado parada por alguns dias, não foram registrados maiores transtornos no canteiro em Santo Antônio, e nenhum funcionário deve ser demitido – em Jirau, no entanto, 4 mil trabalhadores perderam seus empregos.

Atualmente, a composição acionária da concessionária conta com a Eletrobras Furnas (39%), Odebrecht (18,6), Andrade Gutierrez (12,4%), Cemig (10%) e o Fundo de Investimentos e Par­ticipações Amazônia Energia (20%). O início da produção de oito turbinas está previsto para dezembro deste ano e, até maio do ano que vem, o consórcio poderá vender essa energia produzida antecipadamente para o mercado livre.

Cofres

Os investimentos privados vieram junto com compensações que engordaram os cofres do governo e da prefeitura de Porto Velho – que teve sua receita quadruplicada desde a chegada do empreendimento e até o fim da obra receberá R$ 234 milhões de Imposto Sobre Serviços (ISS). Além disso, serão pagos pela hidrelétrica royalties de R$ 67 milhões por ano pelos próximos 35 anos, divididos igualmente entre governo estadual e prefeitura. "Porto Velho tem apresentado transformações no seu perfil social e econômico. As modificações decorrentes desse processo já são consideradas como o nascimento de um novo ciclo econômico na região. Temos presenciado o crescimento de polos comerciais e industriais, além da expansão da construção civil, o que naturalmente contribui para manutenção de um círculo virtuoso de crescimento e desenvolvimento", analisa a coordenadora do Grupo de Elaboração dos Projetos Estruturantes da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e Social, Maria Emilia Silva.

Saldo

O saldo do desenvolvimento, porém, também foi negativo, com o aumento da violência, a especulação imobiliária e o crescimento desordenado do trânsito. Como compensações sociais da chegada da usina, a prefeitura recebeu, por exemplo, R$ 46 milhões em saúde e educação, enquanto o governo de Rondônia ganhou R$ 11 milhões para investir em segurança e outros R$ 61 milhões para a área da saúde.

O jornalista viajou a convite da Santo Antônio Energia.

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