Logo da Neoway na entrada de um dos escritórios da empresa.| Foto: Neoway/Divulgação

Uma tese de doutorado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) rendeu ao empreendedor Jaime de Paula não só um diploma, mas um projeto de negócio que originou a Neoway em 2012, empresa de big data e inteligência analítica. A startup caminha se tornar um dos próximos unicórnios do Brasil, ou seja, uma empresa com valor de mercado acima de US$ 1 bilhão, em até dois anos. No mesmo período, pretende abrir capital (IPO) na Nasdaq e na B3.

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O que justifica um crescimento tão acelerado? Segundo Carlos Eduardo Monguilhott, 30, diretor de operações da Neoway, é a combinação entre atender uma lacuna de mercado e receber bons investimentos.

Não à toa, a empresa catarinense, com unidades na capital paulista e em Nova York (EUA), recebeu uma rodada de investimentos em 2017 de US$ 45 milhões dos fundos QMS Capital, PointBreak, Pollux e do investidores Andrew Prozes. No mesmo ano, a Accel Partners, Monashees e Endeavour Catalyst, investidores de 2014, aumentaram seus aportes.

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A Neoway ganhou espaço no mercado quando descobriu como levar tecnologia de alto valor agregado para clientes de pequeno e médio porte. “Antes, só empresa grande podia investir em big data. A partir do trabalho que fizemos para as gigantes, aprendemos e criamos estratégias para alcançar para as menores também”, explica Monguilhott.

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A empresa desenvolve softwares que reúnem e organizam dados, de acordo com a relevância para cada cliente. Para a Portobello (primeiro parceiro da empresa), por exemplo, a Neoway criou um sistema que levanta obras em início em todo o Brasil, de forma que o cliente chegue primeiro à construtora e ofereça seus serviços. Tudo isso por meio de uma análise criteriosa de dados.

Com o sucesso do negócio, em 2016 a brasileira ganhou renomados prêmios de empreendedorismo e tecnologia, como o Lide de Empreendedorismo, e foi a primeira empresa da América Latina apontada pelo Gartner como “Cool Vendor” de Plataformas como Serviço (PaaS) — premiação que destaca os melhores fornecedores de soluções de tecnologia.

O perfil jovem da startup é um grande propulsor de inovações na Neoway. De acordo com o diretor de operações, os 360 profissionais da empresa têm entre 20 e 30 anos — cerca de 250 trabalhadores atuam com desenvolvimento de produtos em Florianópolis (SC), 100 com vendas em São Paulo (SP) e dez na representação em Nova York (EUA).

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Mas se engana quem pensa que uma mesa de bilhar e um espaço de conveniência moderno para os jovens fazem da Neoway uma empresa livre de comprometimento. “Nossa cultura é muito forte. Quem entra aqui, entra para entregar. Não há hierarquia, mas temos o objetivo de ir contra a maré e ajudar nosso cliente a crescer. Assim, crescemos também”, pontua Monguilhott.

Mesa de bilhar e espaço de conveniência no escritório da Neoway. 

Experiência de mestre

Apesar de a empresa ter uma equipe jovem, no comando está um empreendedor sênior no setor. Jaime de Paula, fundador da Neoway, tem 56 anos e é considerado pela equipe o integrante mais experiente e “para frente” da empresa.

Formado em engenharia elétrica e administração e doutor em inteligência artificial, o executivo sempre atuou na área de tecnologia e teve planos de abrir uma empresa no segmento. Em 1998, criou uma loja virtual para construir sites de vendas, mas vendeu o negócio.

Com sua expertise no mercado e espírito empreendedor, de Paula atua como coach de sua equipe e facilitador de boas parcerias para a empresa, como a concretizada há dois anos com a Microsoft.

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Pelo acordo, os dados gerados na plataforma da Neoway são exportados diretamente para a nuvem Azure, da gigante norte-americana. Outro recurso é a integração com aplicações Microsoft, como o CRM Dynamics (software de gerenciamento de relacionamento com clientes).

Planos ambiciosos para 2019

Monguilhott não revela o faturamento da Neoway, mas garante que ela cresce 50% ao ano e planeja dobrar de tamanho e contratar mais 100 funcionários em 2019 — mesmo com as intempéries política e econômica do Brasil.

Até o final deste ano, a brasileira de tecnologia também deve concluir três aquisições, ainda não reveladas. Em 2016,a companhia comprou a paulista Criactive, empresa especializada no desenvolvimento de sistemas.

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“Estamos nos planejamento para entrar em Portugal em breve. Sempre quisemos provar que podemos fazer o mesmo trabalho do Brasil em qualquer outro país. E vamos fazer isso”, afirma o diretor.

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O grande desafio, confessa, é administrar que esse crescimento acelerado também seja estruturado. “Crescer é muito difícil. A comunicação entre as áreas fica mais difícil e não podemos perder o controle das operações.”